Perto de iniciar o 8º mês desde que foi eleito, Caiado continua adiando a reforma administrativa. Sinal claro de que tem dúvida sobre o que fazer e também de que ainda não formou base na Assembleia
Daqui a poucos dias o governador Ronaldo Caiado entra no oitavo mês desde que foi eleito, a 7 de outubro do ano passado. É uma eternidade. Mesmo assim, ele segue sem preencher postos importantes da sua administração (a estratégica Goinfra, ex-Agetop, só tem duas diretorias nomeadas) e sem ainda apresentar a segunda parte da sua reforma administrativa, que vai dizer muito do seu projeto de governo e da sua coragem para realmente cortar a fundo para tentar reduzir as despesas e levar o Estado ao reequilíbrio fiscal.
Vamos ficar aqui no tema da reforma administrativa. Antes de Caiado começar o mandato, ela já era um tema prioritário, por se constituir no instrumento de definição do modelo de gestão do novo governo e, evidentemente, pela urgência com que deveria ser encarada, logo nos primeiros dias da gestão. Vejam o caso do presidente Jair Bolsonaro, que anunciou a sua antes de assumir e a concretizou logo na semana da sua posse. Caiado prometeu resolver o assunto em fevereiro, assim que a Assembleia iniciasse os trabalhos. Adiou para março. Adiou para abril. E, como o mês está se esgotando, deve agora ficar para maio.
O significado de tanta postergação é fácil de deduzir: por um lado, Caiado não sabe exatamente o que fazer e hesita sobre o conteúdo da reforma, enquanto, por outro, não tem também confiança na suposta base de apoio que formou na Assembleia e não pode correr o risco de enviar o projeto e colher uma derrota, que pode vir tanto pela rejeição da matéria quanto pela aprovação de alterações através de emendas dos deputados. Não à toa, ele já admitiu recuar da decisão de incluir no pacote a redução de 20% dos cargos comissionados – que, em vez de serem extintos, ficariam marotamente guardados na gaveta para uma eventual necessidade. É algo típico dos políticos. Ninguém, no poder, quer podar a sua própria capacidade para distribuir benesses e angariar apoio.
Uma reforma administrativa está na gênese de todo governo e é o momento em que o governante informa a sociedade sobre o que pretende para o futuro É ela que teoricamente começaria a trazer a mudança que Caiado levantou como bandeira de campanha e ajudou a convencer os goianos a escolher o seu nome nas urnas. Se for um fiasco, ou seja, se não mostrar realmente inovação e economia, vai quebrar as expectativas e ajudar a enterrar a nova gestão.