Reforma administrativa de Caiado é basicamente jurídica e formal, apenas reorganiza leis, não traz mudanças estruturais e pode ser que faça alguma economia, mas, se o fizer, será ínfima
Já é possível fazer uma avaliação da reforma administrativa que o governador Ronaldo Caiado enviou à apreciação da Assembleia Legislativa, consubstanciada em um calhamaço de 257 páginas que não toca na estrutura do Estado, mas apenas reorganiza suas leis gerais quanto a aspectos jurídicos e formais e, se fizer alguma economia, será de valores que podem ser considerados ínfimos diante da grandeza a que os gastos públicos chegaram em Goiás.
Basicamente, o que se faz é a eliminação de cargos de baixos salários, criando-se um quadro resumido de funções comissionadas com poucas denominações, por volta de dez. Não se toca na multiplicidade de órgãos inúteis e superpostos que Caiado herdou dos governos passados, como, por exemplo, uma empresa de gás, alguns veículos de comunicação, uma companhia de ônibus urbanos e até um braço da Celg dedicado a implantar um utópico sistema de telefonia através da rede elétrica. Tudo isso e muito mais vai continuar existindo, servindo apenas para drenar pelo ralo os preciosos recursos do Tesouro e abrigar apaniguados políticos – sim, os tais e famosos “conchavos” que Caiado, como sempre palrando em excesso, condenou durante a campanha e em seus primeiros dias de governo, porém aos quais acabou se rendendo ao instalar um “balcão de negócios” para trocar cargos e favores por votos na Assembleia e cumprir compromissos políticos celebrados antes das eleições.
O ganho com a reforma administrativa, conforme o projeto, será de R$ 119 milhões por ano ou um número em torno de R$ 480 milhões até o fim do governo. Muito. Não. Na verdade, como observou a jornalista Cileide Alves em comentário em O Popular, “parece uma gota no oceano”. É que, por mês, seriam mais ou menos economizados R$ 10 milhões, em um orçamento que supera R$ 1 bilhão e meio, também mensais, em gastos, quase tudo com a folha de pessoal. Uma ninharia, portanto. Só a folha de aposentados consome, em dois meses, bem mais do que esses possíveis R$ 480 milhões de poupança, valor que, de resto, está muito mais no plano das intenções do que no desenho da realidade.
É menos, bem menos do que o dever de casa a que Caiado estaria obrigado, como governador. Ele se propõe, no fundo, a manter em funcionamento uma estrutura administrativa modernizada em termos de nomenclatura, mas arcaica em seus fundamentos e por isso incompatível com a modernidade social e econômica de Goiás.