Com o aval de Daniel Vilela e do MDB, Rogério Cruz estaria com a reeleição viabilizada
A decisão de romper com o MDB e com o presidente estadual do partido Daniel Vilela, logo no início do seu mandato, em abril de 2021, cobra hoje do prefeito Rogério Cruz um preço muito caro. Em outras palavras, a conquista de um novo mandato se tornou inviável. Para efeito de comparação, Paulo Garcia também foi um vice que assumiu no lugar no titular (Iris Rezende, que saiu para se candidatar a governador), só que chegou politicamente intacto à reeleição, vencendo com facilidade no 1º turno. Detalhe: por contar com o apoio resolutivo de Iris.
Maguito Vilela foi levado pela Covid-19, porém seu filho Daniel permaneceu como herdeiro do seu legado e da sua representação simbólica. Caso não houvesse a ruptura, o nome natural que o MDB defenderia em Goiânia seria o de Rogério Cruz. Só isso, politicamente falando, já seria um monumental trunfo para a sua recondução. E ainda que não pontuasse bem nas pesquisas, como, hoje, de fato não pontua. Lá atrás, o prefeito plantou as sementes da sua inevitável ruína eleitoral futura. Nem vale a pena discutir como se deu o racha. Aconteceu, pronto, acabou. A fatura será cobrada nas urnas de 2024.
Esse episódio comprova, mais uma vez, a necessidade de raciocínio no mínimo a médio prazo na política. E de tomar decisões obrigatoriamente pensadas e balanceadas em perspectivas de tempo. Cruz agiu no impulso do momento, digamos assim, para deixar claro quem mandava, em um dos maiores equívocos da história de Goiás. O poder era dele e a ele competiria manter o respaldo da legenda, até mirando mesquinhamente os seus interesses próprios de sobrevivência. Ao contrário, matou a galinha dos ovos de ouro E tanto não se descarta um pilar tão poderoso quanto o MDB que o governador Ronaldo Caiado, no 2º semestre do mesmo ano (2021), foi atrás para levar a sigla para a sua base e Daniel Vilela para a sua chapa da reeleição, desmantelando a oposição em Goiás e garantindo a renovação do seu mandato.
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Com o leite irreversivelmente derramado, a hora da verdade para Rogério Cruz está a pouco mais de um ano para soar. Dada a sua desastrosa posição nas pesquisas e levando em consideração esse reduzido para uma reação, sem, aliás, se saber ao certo como reagir, é lícito prever: o prefeito nem sequer estará no 2º turno, no caso provável, por exemplo, de uma polarização entre a candidatura do senador Vanderlan Cardoso e a da deputada federal petista Adriana Accorsi, sem falar nas chances reais para uma 3ª via emedebista a se efetivar com a filha de Iris, Ana Paula Rezende, ou com o presidente da Assembleia Bruno Peixoto. O horizonte, para o prefeito, é de fim de carreira. E ele construiu com as próprias mãos.