O “conselho” de Daniel a Rogério Cruz que serve a todo governante
Apesar da pouca idade, o vice-governador Daniel Vilela ostenta um recheado currículo político e vem mostrando, na companhia do governador Ronaldo Caiado, um amadurecimento cada vez maior. Hoje, a sua agenda é exclusivamente positiva. Não se envolve em polêmicas e ressalta diariamente a sua fidelidade ao titular do cargo cuja sucessão vai disputar em 2026. Recentemente, Daniel deu um “conselho” ao prefeito Rogério Cruz que talvez tenha passado despercebido, mas serve como uma carapuça para todos os governantes em busca da reeleição.
“Eu sempre falo: se a gestão não estiver bem, a política não vai estar. E se a gestão estiver muito bem, a política não dá conta de ficar de fora. Seria natural: os partidos iriam se oferecer para apoiá-lo. O prefeito precisa mudar o foco, precisa se dedicar à cidade, trabalhar pela gestão. Não é ficar procurando partido (em troca de cargos)”, disse literalmente o filho de Maguito Vilela.
Fácil entender: ele fez referência ao incessante troca-troca de secretários no Paço Municipal, mostrando um Rogério Cruz desesperado pela conquista de apoio político como prioridade acima de qualquer outro objetivo da prefeitura de Goiânia. Por óbvio, não daria certo, como não deu até hoje: Cruz tem uma aprovação popular de apenas 20%, insuficiente para um bom desempenho na eleição do ano vindouro. É um índice a apontar para uma certeza desde já: deveria desistir porque, se for adiante, será humilhado com a sua expulsão do 2º turno.
Além de um “conselho”, as palavras de Daniel Vilela soaram como advertência. Não só na capital. A vizinha Aparecida tem também um prefeito em situação muito assemelhada à de Rogério Cruz. Vilmar Mariano, desde a posse, há 15 meses, mexe semanalmente na sua equipe de auxiliares, em um vaivém cansativo e improdutivo para o município que visa somente atrair partidos. Jura já ter garantido 17 e apregoa que mais estão a caminho. Adianta?
Não atrapalha, porém vale repetir a lição do vice-governador: “Se a gestão não estiver bem, a política não vai estar. E se a gestão estiver muito bem, a política não dá conta de ficar de fora”. Vilmarzim se encaixa na primeira hipótese. Tal qual Cruz, não é engolido pelo eleitorado aparecidense. Tudo de ruim cola nele, enquanto as coisas boas são creditadas aos seus antecessores Gustavo Mendanha e Maguito Vilela. Em Goiânia, se há algo positivo, a população não tem dúvidas: foi Iris Rezende que fez. Quando isso ou aquilo vai mal, a conta cai no colo do atual prefeito.
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Coincidência: ambos, Rogério e Vilmarzim, sonham com uma reversão do quadro desfavorável a partir de obras daqui até a data das urnas. Apostam que isso imantará a simpatia as eles negada até agora. É mais um equívoco. Obras não têm alma, lembra o jornalista Vassil Oliveira em um afiado comentário, e não se revertem automaticamente em apoio. É preciso um fio condutor, como o que Iris tinha. Na reta final das eleições, menos efeito haverá, por encarnar o oportunismo barato de última hora. Não há fórmula mágica. Em Goiânia e Aparecida, só um milagre, tipo a famosa “facada”, pode mudar as expectativas hoje estabelecidas.