Rogério Cruz e Braga: fim de caso mostra que os dois estavam errados
Em um determinado momento deste ano em marcha acelerada para o fim, o prefeito de Goiânia Rogério Cruz promoveu mais uma guinada no seu constante vaivém desde que ganhou de presente o mandato que o eleitorado originalmente atribuiu a Maguito Vilela e contratou, sob estardalhaço, o marqueteiro Jorcelino Braga para comandar uma reação, colocar o Paço Municipal nos eixos e abrir uma arrancada rumo à reeleição – fato e projeto que ocuparam um espaço enorme no noticiário. Meses depois… deu em nada. Como previsto repetidamente neste blog, Braga desistiu, Cruz também, e o casamento se desfez sem deixar para trás nada de positivo.
Rogério e Braga erraram. O prefeito ao acreditar em um milagre vindo de fora capaz de dar à sua gestão uma qualificação que a população recusa conceder, haja vistas às pesquisas de aprovação que patinam em torno dos 20%, índice baixíssimo, insuficiente para qualquer governante se reeleger, segundo os manuais da boa política. O Jorcelino ao tentar se impor como uma força acima de tudo e de todos, não se limitando a estratégias, mas buscando a implantação de um controle total sobre a prefeitura. Isso nem Cruz nem nenhum governante concederia jamais. Foi ingenuidade de Braga acreditar que poderia ser uma espécie de prefeito oculto e que com isso garantiria a recondução de Cruz a mais um mandato.
Confiram o que este blog escreveu, leitoras e leitores. Os links estão na sequência deste parágrafo. A aventura protagonizada por Braga custou caro para o Rogério. Primeiro, pela substituição de um secretário de Comunicação do ramo, como o competente Reale Palazzo, por um técnico em negócios sem experiência na área de divulgação como Célio Campos, nomeado apenas com suporte na indicação de alguém que agora perdeu a força dentro da estrutura de poder municipal. Célio ficou pendurado na brocha. Palazzo foi injustiçado quando fazia um trabalho de recomposição da imagem do prefeito, substituído de repente por uma proposta meio amalucada, simbolizada na fantasia do “prefeito Rogério” – ideia destrambelhada de Braga que, é óbvio, não levaria a lugar algum.
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Mas o “prefeito Rogério” tem noção da sua autoridade, é indiscutível. Por isso afastou a maior ameaça à sua afirmação, diante do descontrole verbal de Braga e da sua costumeira disposição para se colocar acima dos seus clientes. Gustavo Mendanha que o diga, como candidato a governador massacrado em 2022 pelas idiossincrasias do marqueteiro contratado para a sua campanha. No caso de Goiânia, o que deveria tratar com a discrição dos bastidores, Braga trombeteava publicamente, plantando notas nas colunas políticas e reduzindo o Rogério à obrigação de aceitar ser uma marionete. Nunca, em parte alguma do mundo, daria certo. Na política, não se constroem processos humilhando essa ou aquela personagem. Menos ainda governantes, aqueles que até aceitam ser assessorados, porém não se submetem. “Vanitas vanitatum et omnia vanita”, lembram-se do Eclesiastes (Vaidade, vaidade, tudo é vaidade)? É da condição humana, e agir em sentido contrário (ou a favor de si próprio) mostrou a infantilidade de Braga.
Resulta desse mexido que Cruz vai disputar em 2024 por conta própria, mesmo com chances reduzidas. Está de volta ao seu leito original. A muralha à sua frente é que detentores de cargos executivos com avaliação diminuta dificilmente conseguem o aval das urnas, conforme demonstra com riqueza de dados o cientista político Alberto Carlos Almeida em livros como “A Cabeça do Eleitor”. O desafio para o prefeito, portanto, é descomunal. Braga ficou para trás. Sobrou ele mesmo, o Rogério, sonhando com uma reviravolta eleitoral via obras ainda imaginadas ou a chegada de um cenário favorável, pela fraqueza dos adversários. E eles não o são. Adriana Accorsi, Vanderlan Cardoso e Bruno Peixoto estão no páreo e esbanjam virtudes e potencial. As perspectivas para 2024, vistas do alto do Park Lozandes, são sombrias.