Lula inicia turnê pelos Estados, sem previsão de vir a Goiás
Há 15 anos sem assentar os pés em Goiás, o presidente Lula iniciou no último dia 18 uma “turnê” pelos Estados, mais uma vez, no entanto, deixando de incluir Goiás no roteiro das suas viagens. O petista circula pela Bahia, Pernambuco e Ceará, colégios eleitorais nordestinos onde venceu fácil a eleição de 2022. Em Goiás, como se sabe, foi derrotado – por uma larga margem – por Jair Bolsonaro.
Persiste a impressão de que Lula tem ojeriza pelas goianas e pelos goianos. Aqui, só ganhou um dos incontáveis pleitos que disputou, o de 2002. O resto, perdeu, geralmente de lavada, como ocorreu no ano retropassado. Aliás, na última campanha, não apareceu nem para pedir votos. Mandou vídeos com falas formais, veiculados no horário eleitoral do abandonado candidato do PT a governador, o ex-reitor Volmir Amado.
Bolsonaro, enquanto isso, fez e faz de Goiás uma espécie de quintal. Desde que perdeu a presidência, já veio quase uma dezena de vezes. Geralmente, atraindo multidões para os eventos de que participa e ovacionado como um verdadeiro deus das massas. A expectativa, hoje, é a de que o seu prestígio está vivo na terra do pequi e que os candidatos que recomendar entrarão em vantagem nas eleições municipais cada vez mais próximas.
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Nem de longe, existe qualquer expectativa a respeito de qualquer visita de Lula, seja qual for a motivação. Não há obras federais importantes em andamento no Estado, enquanto, apesar dos eventuais rapapés mútuos, o governador Ronaldo Caiado continua sendo visto pelo poder instalado em Brasília como um adversário e até mesmo um possível candidato a presidente em 2026. Acrescente-se a tudo isso a longa sequência de derrotas do PT em Goiás e a falta de importância dos votos locais no somatório nacional, abaixo de meros 2 a 3%. Lula, que só se mexe pensando em retorno eleitoral, dificilmente vai algum dia se preocupar em atender a essa baixíssima representação política.
Ainda por cima, consta que o presidente desenvolveu uma aversão pessoal por uma população classificada como conservadora refletindo o peso do agronegócio, um setor da economia tradicionalmente associado à direita e capaz de identificar historicamente o Estado como ideologicamente vinculado a essa visão do mundo, da qual, inclusive, o próprio Caiado é uma expressão, talvez a maior. Digam o que quiserem dizer os petistas, em especial os candidatos com potencial de vitória neste ano como Adriana Accorsi, em Goiânia, e Antônio Gomide, em Anápolis, a impressão generalizada é que Lula simplesmente não gosta de Goiás. Nem do seu povo.