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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

07 fev

Gayer consegue uma vaga no jogo e tem chances em Goiânia

A maior surpresa do início da temporada eleitoral em Goiânia não é o lançamento do ex-prefeito de Trindade Jânio Darrot para concorrer ao Paço Municipal, bancado pelo Palácio das Esmeraldas, nem a consolidação da deputada federal Adriana Accorsi, do PT, na liderança das pesquisas, nem o esvaziamento do nome do senador Vanderlan Cardoso, hoje completamente isolado na corrida rumo às urnas de outubro próximo. Nada disso. A novidade a contar e pesar é a reviravolta protagonizada pelo também deputado federal Gustavo Gayer, do PL, repentinamente despontando entre os três mais bem colocados no páreo pela prefeitura da capital.

A boa posição de Gayer foi confirmada pelo último levantamento do instituto Paraná. O mais destrambelhado e radical de todos os bolsonaristas com endereço fixo em Goiás apareceu em 3º lugar. Vejam só, leitoras e leitores: Adriana Accorsi tem 22,1%; Vanderlan chega a 20,6% e Gayer fecha com 19,7%. O detalhe que importa é o empate técnico entre esses três nomes, já que a pesquisa se deu dentro de uma margem de erro de 3,8 pontos para mais ou para menos. Significa que Gayer, ao lado de Adriana e Vanderlan, também está em 1º lugar.

É um feito extraordinário, verdadeira façanha. Que, com certeza, pode ser atribuída à força ideológica reunida em torno do ex-presidente Jair Bolsonaro e sua notável influência entre o eleitorado de Goiânia – cidade que foi classificada em um ranking recente como a mais bolsonarista dentre um grupo de grandes centros urbanos do país. Gayer, fora a corrente de “pensamento” a que se filia, não tem outras “virtudes”, a não ser a sinceridade demonstrada ao assumir suas crenças e visões do mundo como extremista fiel seguidor do Jair.

 

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Isso será suficiente para levá-lo a se sentar no trono incrustado no alto do Park Lozandes? Atenção: pode ser, sim. Eleições passadas já evidenciaram o descompromisso das goianienses e dos goianienses com perfis de gestores experimentados, assim como, em sentido contrário, consagraram exatamente esse tipo de candidato, como se viu nas inúmeras vitórias de Iris Rezende. Do outro lado da moeda, emergiu das urnas precisamente o inverso dessa concepção (de que é exemplo a safra de professores que produziu prefeitos sem antecedentes administrativos como Nion Albernaz, Darci Accorsi e Pedro Wilson). Gayer se habilitou a repetir esse último modelo. Pelo seu currículo, tem como profissão o magistério de línguas, ensinando inglês no passado, porém hoje convertido em profissional da política (tendo inclusive fechado a sua escola de idiomas).

O empate técnico entre ele, Adriana Accorsi e Vanderlan sugere que há votos disponíveis para mais uma aventura eleitoral em Goiânia, como tantas já vistas (até um Paulo Garcia chegou a se reeleger em 1º turno, com 80% dos votos, para depois encerrar o mandato com menos de 5% de aprovação). É recomendável levar a sério. No contexto de polarização que persiste no país, alimentado diariamente por Lula e por Jair Bolsonaro, há um quê de favorecimento quanto a um postulante que sabe navegar nessas águas turvas e escuras.