Informações, análises e comentários do jornalista
José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

27 fev

SP prova que Bolsonaro está vivo e isso tem reflexos em Goiás

A megamanifestação da avenida Paulista, em São Paulo, no último domingo, 25, com um público estimado entre 185 e 750 mil pessoas, mas sem dúvida espetacularmente numeroso, comprovou: a liderança do ex-presidente Jair Bolsonaro está mais viva do que nunca – projetando como decisiva a sua influência nas eleições municipais deste ano. Em Goiás, inclusive, com fortes possibilidades de ajudar a produzir os resultados das urnas em colégios de peso como Goiânia, Aparecida e Anápolis, sem falar em cidades de importância pelo interior afora, como Rio Verde, por exemplo.

Além da apoteose das ruas em torno de Bolsonaro, o ato em SP serviu ainda para reafirmar o antipetismo como uma realidade inescapável no Brasil e atestar: a direita, disparadamente, conta com muito mais capacidade de mobilização de massas. Alguém acredita que o presidente Lula ou qualquer outro grande nome do petismo, dos poucos por aí, ousariam convocar a população a uma irrupção vigorosa como a do “domingão do Jair”? Nunca. Lula não é capaz de pisar em ambientes onde não haja controle da plateia, ao contrário do ex-presidente – o mesmo que, no final do ano passado, foi casualmente a uma feira em Nova Veneza, em Goiás, e acabou espontaneamente ovacionando por uma multidão, um microfato paradoxalmente de amplo significado.

 

LEIA TAMBÉM

Estimulada por Lula e Bolsonaro, polarização caminha para influenciar 2024

Lula está mais para indesejado em Goiás e visita em março segue sem confirmação

E se 2024 reserva para a extrema-direita o pódio das urnas em Goiânia?

 

Os goianos candidatos bolsonaristas a prefeito são facilmente identificados: Gustavo Gayer, em Goiânia; Prof. Alcides, em Aparecida; provavelmente Márcio Correa, em Anápolis; e Lissauer Vieira, em Rio Verde. Esses, os mais conhecidos e de maior destaque. Todos estão em crescimento nas pesquisas, alguns já consolidados, como Prof. Alcides e Lissauer Vieira. Gayer despontou no último levantamento do instituto Paraná em 3º lugar, porém em empate técnico com Adriana Accorsi e Vanderlan Cardoso. Atenção: o vídeo abraçado com Caiado, na avenida Paulista, quando ele chamou o governador goiano de “Ronaldão” e de “orgulho de Goiás”, viralizou e esbanja potencial para acrescentar pontos e reforçar a posição de Gayer no ranking da corrida pelo Paço Municipal.

Lula cometeu erros em série ao assumir a presidência: traiu a frente ampla crucial para a sua vitória, manteve acesa a polarização ideológica que divide o Brasil e nem de longe defendeu uma conciliação nacional. Nessa linha de comportamento arrogante, o petista tenta impulsionar os nomes da esquerda em centros urbanos como São Paulo e Rio de Janeiro apostando no confronto. Mais cedo ou mais tarde, esse espírito de radicalização, de “nós” contra “eles” vai terminar marcando presença também em Goiás, se é que já não está, mas aqui, fatalmente, prejudicando candidatos de perfil centrado como Adriana Accorsi, em Goiânia, e Antônio Gomide, em Anápolis. A exibição de força em São Paulo não deixou a menor dúvida: Bolsonaro é um cabo eleitoral qualificado para este ano e quem tiver o seu apoio e conseguir patentear a figura do ex-presidente ao seu lado e de forma agressiva vai ser beneficiado.