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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

29 maio

Entenda por que Mabel é a última esperança de Vilmarzim

A poucos dias do vencimento do prazo acertado para a comprovação de que reagiu nas pesquisas e adquiriu viabilidade como candidato à reeleição, o prefeito de Aparecida Vilmar Mariano (UNIÃO BRASIL) agarrou-se ao empresário, presidente da FIEG e candidato da base governista a prefeito de Goiânia Sandro Mabel como a sua última esperança de sobrevivência política. Até meados de junho, no máximo, Vilmarzim está obrigado a demonstrar que diminuiu a diferença que o separa do Prof. Alcides e que, portanto, tem chances de vencer a disputa pelo comando da Cidade Administrativa Maguito Vilela (nome da sede da prefeitura).

Não há sinais de que houve qualquer reação. Vilmarzim empreendeu uma maratona de shows artísticos nos bairros, custeados pelos cofres municipais, recheados por sorteio de prêmios, além do lançamento de obras e participação incessante em cultos evangélicos. Sob orientação do marqueteiro Jorcelino Braga, reformulou suas redes sociais e se esforça para parecer uma liderança realmente popular. A surpresa é que nada disso dá resultados. Prof. Alcides, que já esteve na casa dos 40% de intenções de voto, subiu para a faixa dos 50%, deixando Vilmarzim estacionado nos 20%, tais como mostrar os últimos levantamentos publicados. Nos seus perfis no Instagram e no Facebook, o prefeito é alvo de cobranças e de descrédito. Uma chuva de comentários acusa suas ações como eleitoreiras, vazias e interessadas apenas em buscar apoio em ano eleitoral, enquanto os bairros permanecem no abandono.

Mesmo assim, o Mariano repete todo dia que, sim, é ele o candidato da base governista em Aparecida. No que ele se baseia? Em declarações formais de apoio do vice-governador Daniel Vilela e do ex-prefeito Gustavo Mendanha, que não têm muito significado – relembrando: são falas claramente de cortesia, destinadas muito mais a funcionar como álibi para uma eventual denúncia de Vilmarzim de que foi abandonado pelos principais cabos eleitorais do município. Não se nota um comprometimento maior. Daí que, no frigir dos ovos, o prefeito se pendura mesmo é no apoio de Mabel. Diz que ouviu dele um compromisso sanguíneo de solidariedade: se não for o candidato avalizado pelo Palácio das Esmeraldas em Aparecida, o Sandro também teria garantido que não o será em Goiânia.

 

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Prof. Alcides segue olimpicamente acima de tudo isso. Estudos qualitativos apontam que, face à sua postulação, Vilmarzim não passa de um fiapo de concorrência, visto coletivamente como um administrador abaixo das exigências de uma cidade que se alçou à condição de potência industrial. O ex-deputado federal Leandro Vilela, sobrinho de Maguito Vilela, seria um adversário muito mais consistente, ao encarnar uma renovação das expectativas alimentadas pela elevada alta estima das aparecidenses e dos aparecidenses. Algo como concluir que Vilmar Mariano não tem possibilidade alguma de chegar a uma vitória, porém Leandro, ainda que enfrentando um cenário de dificuldades, conta com muito mais oportunidade.

Mabel, de fato, tem se desdobrado na defesa da reeleição de Vilmarzim. Há poucos dias, disse que as dúvidas estariam pacificadas e que o prefeito já foi nomeado como o representante da base aliada em Aparecida. Uma má fama persegue o “Rosquinha” (apelido pelo, segundo ele mesmo, é chamado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro): a de fazer política sem tirar os olhos dos negócios, no caso loteamentos e transações envolvendo áreas privilegiadas nas vizinhanças de Goiânia. Seria isso a justificativa do desmedido empenho de Mabel em favor do Mariano? Se for, pode-se prever pela frente um terremoto. O governador Ronaldo Caiado não transita por esse tipo de caminho. Dois dias atrás, reafirmou a sua convicção de que a vida pública não é degrau para enriquecimento ou ganhos pessoais. Não sendo Vilmarzim uma liderança de tamanha penetração em Aparecida, por que Mabel desperdiçaria tanto chumbo com ele?