Futuro de Daniel Vilela e Wilder Morais passa pela eleição deste ano? Sim e não
É de notório conhecimento público que o vice-governador Daniel Vilela (MDB) será candidato ao Palácio das Esmeraldas em 2026, representando a mais poderosa aliança partidária do Estado e desde já tido como favorito em razão do apoio do governador Ronaldo Caiado e da sua elevada aprovação popular. Igualmente se sabe: a posição de principal adversário, visto o cenário desde já, deve cair no colo do senador Wilder Morais (PL), seja pelo fato de chegar naquele momento ao meio do seu mandato senatorial (e, portanto, sem prejuízos em caso de derrota, hipótese na qual permaneceria sentado na mais alta Câmara Legislativa do país), seja pela certeza de que se beneficiará do apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro – um cabo eleitoral de peso extraordinário em um Estado conservador como Goiás.
Mas tudo isso daqui a dois anos, certo? Certo, leitoras e leitores. Ocorre que uma eleição majoritária sempre começa a ser articulada assim que se encerra a anterior, caso do pré-lançamento de Daniel Vilela. Ele se tornou postulante a legatário de Caiado logo após o veredito das urnas de 2022, quando o governador foi reeleito em 1º turno. Wilder saiu dessas mesmas urnas com uma cadeira no Senado, porém demorou um pouco a engrenar a cogitação do seu nome para a próxima corrida pela casa verde da Praça Cívica, perdendo espaço para Daniel. Pelo sim, pelo não, a esta altura, os dois já estão escalados e se movimentando para um confronto daqui a pouco mais de dois anos. Ninguém duvida de que esse quadro será mantido até lá.
Há muitos obstáculos no caminho de ambos. A eleição municipal a se avizinhar é o mais importante, no sentido de que preparará o pano de fundo geopolítico sobre o qual se dará a disputa pelo governo. Em teoria, o lado que conquistar mais prefeitos aliados emergirá em vantagem. Bases sólidas nos municípios são decisivas em uma campanha amplamente distribuída por todo o território goiano. Parece indiscutível, dessa forma, que um bom resultado no pleito de outubro próximo se constituirá em um passo fundamental para 2026, tanto para Daniel quanto para Wilder. Em favor de cada um deles, um exército numeroso de apoiadores pelo Estado afora somará pontos preciosos para se chegar a uma vitória. Resume-se aí, aliás, uma norma tradicional da política: quanto mais prefeitos, mais chances de sucesso se acumulam para qualquer candidato a governador.
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Paradoxalmente, Goiás tem exemplos históricos de vencedores que não contaram com uma boa base de prefeitos, tornando a regra relativa diante de fatores como o sentimento geral da população. Para começo de conversa, Marconi Perillo derrotou Iris Rezende em 1998 com apenas 33 prefeitos ao seu lado e o restante dos 246 contra. Mais radical ainda, Caiado triunfou em 2018 merecendo o aval de somente 14 alcaides. Vejam bem: meros 14 prefeitos, que se multiplicaram para 216 na reeleição quatro anos depois – um salto parecido com o de Marconi, embora superior. Duas situações contraditórias, uma com um governador eleito sem praticamente a ajuda de nenhum prefeito, outra em que o mesmo governador renovou o mandato com a mobilização a seu favor da quase unanimidade dos gestores municipais. Pode-se tirar daí a conclusão de que campanhas podem ser levadas a êxito sem a colaboração de um único prefeito, é fato. Mas também recebem um influxo positivo, quanto mais eles se juntam para impulsionar um candidato a governador. Um pouco estranho, mas real. É por isso que a resposta da pergunta que serve de título para esta nota – Futuro de Daniel Vilela e Wilder Morais passa pela eleição de outubro vindouro? – é um sim e um não, ao mesmo tempo. Na incerteza, Daniel e Wilder não deixarão jamais de correr atrás.