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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

22 jul

As 3 cobras de Vilmarzim são… ele mesmo

Dias atrás, o prefeito de Aparecida Vilmar Mariano quis dar uma de superiormente irônico e postou uma pretensa alfinetada nos políticos que cortaram o seu caminho para a reeleição, aqueles que colocaram no seu lugar muito apropriadamente o ex-deputado federal Leandro Vilela – já nas ruas em plena pré-campanha para as urnas de outubro vindouro. “As três cobras mais perigosas do mundo: inveja, ingratidão e traição. Elas se escondem em qualquer lugar, até mesmo em abraços e sorrisos”, escreveu Vilmarzim, passando a imagem de vítima das mancomunações da política aparecidense, coisa que, absolutamente, ele não é de jeito nenhum.

Para produzir o seu post ofídico erroneamente classificado como “enigmático” pela imprensa em geral, o Mariano deve ter se olhado no espelho. Todas as três cobras da publicação têm a cara e o feitio dele. Inveja, pela sua substituição por um candidato competitivo, jovem, com o sobrenome Vilela e muito mais viável para enfrentar o Professor Alcides, como Leandro Vilela. Vilmarzim teve quase dois anos para crescer nas pesquisas, tanto nas suas intenções de voto quanto na avaliação da sua gestão. Fracassou nos dois quesitos e deixou claro:  investir na sua reeleição, para a base governista, corresponderia a saltar no abismo. E para quê eleger um prefeito visto pela maioria da população aparecidense como abaixo das exigências do cargo, conforme todas as pesquisas?

 

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E ingratidão foi o que Vilmarzim demonstrou depois de ganhar de graça o mandato conquistado nas urnas, com brilho, por Gustavo Mendanha. Na prática, a cadeira em que ele se sentou no gabinete principal da Cidade Administrativa era de Mendanha, decorria de Mendanha, só era devida a Mendanha. Justo, portanto, que os secretários de maior expressão de Mendanha, como André Rosa na Fazenda, fossem mantidos. Justíssimo que a ex-primeira-dama Mayara também permanecesse à frente da pasta da Assistência Social. Justo e justíssimo que os fundamentos do governo de Mendanha tivessem prosseguimento com Vilmarzim, mas ele não o fez, rendendo-se a uma rede de intrigas esticada pelos bajuladores entre a atual e a administração anterior, a mesma que o presenteou com o mandato tampão. Se o nome disso tudo não for ingratidão…

Finalmente, traição. Quem é que traiu quem? A resposta está contida nos parágrafos anteriores. A inveja e a ingratidão levaram Vilmarzim a meter uma facada nas costas de Mendanha, mas essa loucura, na prática, não passou de um suicídio político. Ao romper com o seu antecessor, Vilmar Mariano abandonou simultaneamente todas as esperanças de um futuro político. Não se joga fora impunemente o apoio da maior força política de Aparecida, a menos que se queira pagar o preço. E esse veio quando as lideranças da base governista concluíram pela inexequibilidade de Vilmarzim como candidato a mais quatro anos na prefeitura. Se tivesse pensado bem, lá atrás, ele poderia até engolir eventuais desaforos (a propósito, não houve nenhum, ele foi tratado com respeito o tempo todo) para se manter abraçado com o Gustavo. Não quis, acreditou não precisar e pulou para o fundo escuro de uma sepultura, da qual só emergirá um dia se voltar a disputar uma vaga de vereador.

As cobras de Vilmarzim são… ele mesmo. Com arrogância, traiu, movido pela inveja e pela ingratidão. É isso que estava na sua cabeça quando ele escreveu – ou escreveram em seu nome – o post alusivo às serpentes que o picaram e o envenenaram. Mas faltou a verdadeira cascavel atravessado no infeliz destino do prefeito de Aparecida – e ela tem nome: a burrice. E uma jararaca conhecida como mentira. Ele aceitou as regras do jogo, ganhou prazo para deslanchar nas intenções de voto, negou o acordo e sonhou se impor na marra. Coitado. O Mariano teve tudo na mão e desperdiçou. Aí não seria mesmo possível sobreviver.