As promessas envelhecidas dos candidatos a prefeito que ninguém aguenta mais
Revitalizar o centro. Asfaltar todas as ruas ou todos os bairros. Abrir os postos de saúde 24 horas por dia. Fazer convênios para aumentar as vagas da Educação Infantil. É isso aí, leitoras e leitores, que infelizmente tem se ouvido neste momento inicial das campanhas para prefeito nas principais cidades do Estado. Há 30, 40 anos, essas promessas pontuam as eleições municipais. Nunca foram cumpridas. É uma vergonha ainda hoje se repetirem. Mas elas estão aí para caracterizar o envelhecimento da política em Goiás, igualando os candidatos de todos os partidos e matizes ideológicos na mesma falta de criatividade e na mesma visão ultrapassada do que deveriam ser as políticas públicas, ou seja, realmente inovadoras.
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As campanhas vistas hoje em Goiânia, Aparecida e Anápolis são as mesmas de décadas atrás. Ninguém é capaz de citar uma única proposta marcada por alguma originalidade. É o mesmo de sempre. Pior, quase sempre baseado em generalizações longe dos interesses do eleitorado. Quem precisa de “revitalização do centro”? Caso acontecesse um dia, ótimo. Porém, as campanhas vêm e vão e tudo continua como dantes, no quartel de Abrantes. Não se revitaliza centro nenhum, se é que isso é possível, nem muito menos se asfalta, se estica o horário dos postos de saúde ou se garantem as vagas para todas as mães trabalhadoras desesperadamente necessitadas dos CMEIs (e não venham com essa de convênios, porque não resolvem, as famílias querem matricular seus filhos em escolas bem construídas, com bons professores e bem equipadas, não casebres improvisados e pedagogia insuficiente; além disso, crianças pobres morrem mais e têm o desenvolvimento prejudicado, incluindo no quociente de inteligência, com efeitos que persistem na vida adulta, caso não amparadas pela Educação Infantil).
Está na Educação Infantil o maior desafio civilizatório do Brasil. Em Goiânia, Aparecida e Anápolis, não menos, diante da falta crônica de vagas. Dinheiro para construir CMEIs, baratos, mesmo porque não podem ser grandes, não falta. O imediatismo e a insensibilidade dos políticos não permitem uma solução rápida para esse drama eterno das classes de baixa renda. Convênios? Isso não é sério, essa “solução” não passa de um remendo de terceira categoria para um rasgo que só aumenta de tamanho, em prejuízo de milhares de crianças em uma fase da vida decisiva para o futuro de cada um. Façam como Maguito Vilela: em dois mandatos, levantou 20 CMEIS em Aparecida. Se tivesse governado Goiânia, teria deixado o triplo como legado para as meninas e meninos da capital.
Mas nada é tão desafiador para os candidatos a prefeito do que a juventude, faixa mais numerosa dentro do eleitorado. E com um poder de formação de opinião reconhecido pelo Brasil afora. Mas as campanhas não oferecem nada para eles, a não ser a mensagem de que a política é chata. A menos de 70 dias para a data das urnas, não surgiu uma proposta sequer, minimamente interessante ou revolucionária, para esse grupo populacional. Não se fala, não se comunica com os jovens, quando eles deveriam ser o foco prioritário. Por enquanto, os postulantes a prefeito, todos eles, sem exceção, em Goiânia, Aparecida e Anápolis, estão em dívida com as eleitoras e os eleitores.