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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

10 ago

O estranho caso do candidato que é ocultado pela própria comunicação

Vocês já sabem quem é, leitoras e leitores. Sim, é o Professor Alcides, candidato do PL a prefeito de Aparecida. Em uma estratégia de comunicação suicida, Alcides passou a recusar convites para entrevistas a veículos de imprensa, deixou vazar que não comparecerá a debates e só aparece em eventos controlados, onde sequer usa o microfone – e se usar, sai besteira. Para piorar, suas redes sociais ecoam o vazio que está se criando à sua volta, com postagens que nada têm a ver com a realidade dentro da qual disputa uma das eleições que promete ser das mais concorridas do Estado. Descobriu-se, de repente, um candidato sem direção no marketing e na comunicação.

Professor Alcides “ganhou” antes da hora. A data das urnas ainda está longe, pelo cronômetro eleitoral. Uma faixa de 60 dias, pouco menos, porém prazo suficiente para muitos acertos como também para errar à vontade. Atenção: o Professor tem tradição em matéria de começar bem e terminar mal. Já perdeu duas vezes a prefeitura aparecidense. Na última vez, tal como agora, saiu disparado na frente para terminar em um amargo 3º lugar (quem ganhou foi Gustavo Mendanha, com Marlúcio Pereira classificando-se na 2ª posição, isso em 2016).

 

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O tempo passa na janela e só Alcides não vê. Ficou sem um marqueteiro de primeira linha, Marcelo Vitorino, que se demitiu assim que Leandro Vilela foi lançado pela base governista alegando “uma súbita maior complexidade da eleição”. Leia-se: Leandro tem potencial para ganhar, embalado não só pelas suas inegáveis qualidades políticas e pessoais, como pelo apoio determinado tanto do governador Ronaldo Caiado quanto do maior cabo eleitoral de Aparecida, o ex-prefeito Gustavo Mendanha. Na vaga de Vitorino, assumiram dois profissionais de Brasília, Cássio Bergamasco e Roni Cavalcante, de uma tal agência Smart7, precedidos por duas credenciais; uma, como supostamente responsáveis pelas vitórias de Ibaneis Rocha, outra, como marqueteiros da segunda derrota de Marconi Perillo para o Senado, em 2022, quando era tido como dono absoluto da cadeira. Pelo observado depois que a dupla assumiu a campanha de Alcides, há muito mais chances de repetição do fiasco Marconi do que Alcides reproduzir o sucesso de Ibaneis. A campanha piorou.

Exemplo: a primeira iniciativa da dupla foi levar o Professor para Remanso, na Bahia, onde nasceu. Em Remanso, gravaram vídeos mostrando a “origem” do candidato, um assunto que não cai bem para uma campanha que ataca seu mais forte adversário, Leandro Vilela, exatamente por não ser de Aparecida. A primeira peça, postada neste fim de semana no perfil do candidato do PL no Instagram, mostra Alcides olhando para uma imensidão de água – não, não é o mar, mas a maior praia artificial do Nordeste e nada menos que o maior lago artificial do mundo, aproveitando as águas do Rio São Francisco. Algo muito longínquo para o eleitorado de Aparecida, lembrando que Alcides não é daqui e sim de lá.

Só esse vídeo mostra que falta juízo aos novos comunicadores do Professor Alcides. O marketing está desnorteado, sem saber qual produto vender. A comunicação desencontrada mergulha o candidato no caos, acossado por uma imprensa que não é hostil, ao contrário, apenas cumpre o seu dever de igualmente questionar os postulantes – mas basta isso para desorientar Alcides, sem nenhum preparo para enfrentar perguntas e as situações difíceis que cercam todas as campanhas. Como dito, o Professor “ganhou” a eleição na hora errada, quando corria o páreo sozinho, mas a chegada de Leandro Vilela complicou sua vida e agora ele corre o risco de não mais vestir a coroa de louros, como esperava e tinha certeza, na noite de 6 de outubro.