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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

05 nov

Mabel, Vilela e Márcio Corrêa: a oportunidade histórica que eles não podem jogar fora

As eleições municipais em Goiânia, Aparecida e Anápolis terminaram disruptivas, ou seja, inverteram o rumo – que não era bom – das administrações em andamento nesses que são os três maiores centros urbanos do Estado. Foram eleitos prefeitos descomprometidos com as gestões atuais, porém mais ainda: representando, os três, a esperança de um novo rumo, talvez até reproduzindo as expectativas reunidas em torno da primeira eleição do governador Ronaldo Caiado, em 2018 – rigorosamente cumpridas por ele, conforme se pode avaliar a essa altura dos acontecimentos, com Caiado, inclusive, a bordo de uma aprovação simplesmente espetacular acima dos 86% por esse Goiás afora.

Óbvio: Sandro Mabel, Leandro Vilela e Márcio Corrêa vão assumir sob a pressão de oferecer respostas urgentes para desafios mínimos nas suas respectivas prefeituras, hoje distanciadas do que seria decente e indispensável para garantir o atendimento das cidadãs e dos cidadãos de Goiânia, Aparecida e Anápolis. Prefeitos como Rogério Cruz, Vilmar Mariano e Roberto Naves desonraram o cargo e vão entregar aos seus sucessores uma situação próxima do caos. Mas isso já se sabia desde sempre. O problema é outro.

Ocorre que esse desmazelo comum a Cruz, Mariano e Naves vai colocar os novos prefeitos em uma rota de trabalho voltada para resolver as demandas acumuladas, retomar as obras paralisadas para evitar mais prejuízos, cortar os desperdícios e nivelar o caixa, voltar as atenções para os segmentos vulneráveis e higienizar os procedimentos mais diretamente ligados à população. No entanto, tudo isso não passa de uma emergência, porém correndo o risco de se institucionalizar e a partir daí colocar o novo gerenciamento municipal em um ritmo de… gerência rotineira, acometida pela falta de criatividade e de renovação.

 

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Um prefeito não é eleito apenas para prestar bem as políticas públicas essenciais e menos ainda para tocar obras. Isso é o básico, não representa vantagem alguma, embora, lógico, tenha que ser bem-feito e, nos termos de hoje, já representará um avanço caso consiga alcançar os objetivos de servir bem. Mas não é o essencial. Esse, sim, está na mudança de mentalidade, na substituição dos velhos parâmetros e na consecução de um ideal coletivo de vida melhor, modernização e justiça em todos os sentidos. Em Goiânia, não bastaria voltar ao dinamismo de Iris Rezende, assim como em Aparecida seria pouco dar sequência aos mandatos de Maguito Vilela e Gustavo Mendanha, enquanto em Anápolis a exigência é de se iniciar algo completamente novo depois do desastre protagonizado durante 16 anos por Antônio Gomide e Roberto Naves – os dois prefeitos que deram a maior ré na história da antiga “Manchester” goiana (epíteto que hoje corresponde a uma piada).

Aonde Mabel, Vilela e Corrêa deveriam levar os seus governos? Ainda atordoados pelas exaustivas e tormentosas campanhas pelas quais passaram, é possível que não saibam, por ora, como responder, além da repetição dos mantras em que se especializaram durante o período eleitoral. Há um ensejo raro diante de cada um deles. E, novamente, Caiado é um exemplo a seguir, depois das inacreditáveis metas que bateu em áreas não propriamente administrativas, como a Segurança, a Educação e a Saúde, campos prioritários das aspirações populares. E sem desprezar a organização da máquina de governo, o fim da corrupção e o enxugamento das despesas, coisas, lembrando mais uma vez, indispensavelmente elementares. Esses itens só correspondem à primeira parte da cartilha. A segunda parte é que realmente importa. Os novos prefeitos da região metropolitana estão com uma chance rara nas mãos. Vão conseguir aproveitar?