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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

15 fev

Autoridade de Wilder sobre o PL goiano está cada vez mais esvaziada… e por Bolsonaro

Como é público, o senador Wilder Morais preside o diretório estadual do PL, sendo formalmente o principal dirigente do partido em Goiás. Pelo menos, teoricamente e, diga-se de passagem, sem ir muito além disso. Daí que Wilder vem enfrentando um verdadeiro calvário, às custas de golpes sucessivos desferido pelo próprio Jair que esfarelam a sua autoridade e mostram que não é possível, para ele, ter a menor certeza sobre os movimentos futuros do PL no Estado, uma vez que é dominante a sombra projetada pelo vereador Vitor Hugo – xodó do ex-presidente Jair Bolsonaro, citado por ele até como candidato a vice-presidente em uma hipotética chapa para 2026, obscurecendo a trajetória do senador que, sim, é bolsonarista, mas todo mundo sabe que por puro oportunismo e jamais por qualquer convicção ideológica (coisa que o intelectualmente despreparado Wilder não tem noção do que é).

 

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A cada dois projetos de interesse do governo Lula e do PT votados na mais alta Câmara Legislativa do país, o senador goiano fica a favor de um. Isso irrita Bolsonaro, que é não abre mão de um comportamento radical para a bancada do senatorial PL. Decorre que a sensação de que o PL fará, em Goiás, o que Vitor Hugo decidir, é cada vez maior, a partir de ordens de Brasília. O vereador mais votado em Goiânia quer se candidatar ao Senado, talvez em uma composição com os interesses do governador Ronaldo Caiado, qual seja na chapa a ser liderada pelo vice Daniel Vilela. Seria um facilitador. Para acontecer, só com Wilder reduzido a pó de traque, com o PL de alguma forma alinhado com a base governista estadual. Os sinais nesse rumo são significativos. Bolsonaro tem dado declarações que humilham o senador, entre elas um recado diretíssimo avisando que a questão da candidatura ao Senado será resolvida por ele, Jair, não por qualquer “peixada” de Wilder (mencionado nominalmente). Pior: para a governadoria, o ex-presidente admitiu que nada tem contra uma aliança com o grupo caiadista.

Toda essa prosopopeia é desabonadora para Wilder. Desmoralizante, mesmo. Quando o Jair fala sobre Wilder, o seu enfoque é sempre protocolar, frio. O deputado Gustavo Gayer, que poderia ajudar, perdeu a sua influência e vínculo com o ex-presidente após se envolver em um rasteiro escândalo de manipulação de verbas orçamentárias, tendo passado até pelo vexame de uma busca e apreensão, com agentes da Polícia Federal vasculhando seus endereços e confiscando seu celular seu notebook. Bolsonaro respirou fundo ao ser informado das estrepolias do seu (ex-)pupilo e nunca mais foi visto ao lado de Gayer. De certa forma, essa situação se refletiu negativamente em Wilder, pioradamente quando se acrescenta a debacle de outra estrela cadente do PL em Goiás, o deputado federal Professor Alcides – obrigado a se desfiliar da sigla sob pressão de um inquérito policial por pedofilia, fundamentada até por vídeos.

Não, nada está dando certo para Wilder. Não à toa, ele segue sem coragem para se declarar candidato a governador em 2026. A propósito, em uma recente e precoce pesquisa, quem saiu polarizando com o vice Daniel Vilela foi o ex-governador Marconi Perillo, não o senador, que mal foi lembrado. Na verdade, ele depende de Bolsonaro, mas cometeu o erro de menosprezar o vereador Vitor Hugo e a partir daí se queimar em fogo lento a cada declaração que o ex-presidente dá sobre a política e o futuro do PL em Goiás. Repetidamente, ele não recebe nenhuma deferência da parte de Bolsonaro, ao contrário: tem sempre a sua influência minimizada, às vezes com palavras rudes, ao estilo do capitão. Definitivamente, Wilder não vive um bom, sequer razoável, momento.