Debandada dos 26 prefeitos do PL para a base governista começou e é imparável
Em 2024, o PL elegeu 26 prefeitos em Goiás, um número já reduzido e humilhante dada a posição do partido como um dos maiores do Brasil, dono das maiores bancadas na Câmara Federal e no Senado da República. Wilder Morais, o presidente do diretório estadual, embora sem motivo diante desse fraco desempenho da sigla, chegou a comemorar. A “festa”, no entanto, durou pouco: em poucas semanas, o PL goiano está destinado a se limitar a menos de 10 prefeitos, talvez até abaixo de cinco.
Em um movimento tradicional após eleições municipais, a base governista exerce como sempre um forte poder de atração sobre prefeitos oposicionistas. Sete já aderiram ao Palácio das Esmeraldas: um do PSDB (Raphael Oliveira, de Americano do Brasil, pulou para o PP) e seis do PL (Jacó Rotta, de Cabeceiras; Dr. Luís Otávio, de Cristalina; Simone Ribeiro, de Formosa; Wivviane Duarte, de Gameleira de Goiás; Tiagão, de Pilar de Goiás; e Dr. Victor, de Santa Fé de Goiás) assinaram a ficha do UNIÃO BRASIL do governador Ronaldo Caiado. A porteira se abriu e Wilder, coitado, está sendo atropelado, incapaz de exibir um mínimo de força para segurar o seu rebanho.
Falta para o senador o essencial em uma hora dessas, ou seja, mostrar alguma expectativa de poder à altura de manter incólume a estrutura do PL nos municípios. Wilder não só não sabe como reagir, como não reagiu até agora. Não consegue instrumentalizar nem o que seria um trunfo de valor incalculável na política de um Estado conservador como Goiás, porque a legenda, enfim, é a do ex-presidente e ícone da direita nacional Jair Bolsonaro. Nem isso serviu de argumento, se é que foi usado, para preservar o parco patrimônio eleitoral conquistado nas urnas do ano passado – e daí é inevitável concluir: em um tempo muito curto, dos 26 eleitores pelo PL, restarão… pouquíssimos.
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As leitoras e os leitores sabem que sempre lembramos aqui que Wilder Morais é um milionário diletante – aliás, também misterioso, uma vez que a origem e a conservação da sua fortuna são assuntos encobertos por um manto de silêncio – que aproveita a política para se divertir – e talvez esconder as desgastantes peripécias da sua vida pessoal. Bafejado pela sorte, ganhou um mandato de mais de sete anos no Senado como primeiro suplente de Demóstenes Torres, então cassado, e, em 2022, acabou eleito sob o benefício da onda nacional bolsonarista. A propósito: com uma votação mixuruca, pouco acima de 700 mil votos em um Estado com mais de cinco milhões de cidadãs e cidadãos inscritos na Justiça Eleitoral, o que confere uma certa ilegitimidade para a cadeira onde se assenta sem fazer nada na mais alta câmara legislativa do país. Não faz nada lá nem muito menos aqui, conforme atesta a debandada dos 26 prefeitos do PL. A conta pode até demorar, mas um dia chega.