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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

12 abr

Tarifaço do presidente Trump abre para Goiás a perspectiva de aumento das exportações

O tarifaço aplicado pelo presidente dos Estados Unidos Donald Trump sobre praticamente todos os países, com raríssimas exceções, é o assunto do momento. Mais de metade da cobertura da imprensa está dedicada a um movimento comercial da maior potência global que terá como consequência um redesenho do equilíbrio entre as nações. Já se sabe que o tarifaço não será tão ruim para o Brasil, “punido” com um acréscimo de taxas razoavelmente aceitável, de acordo com as avaliações até agora. Mas a novidade interessante é que, analisados os impactos iniciais, o novo cenário tende a impactar positivamente as exportações não só brasileiras, como particularmente o comércio exterior operado a partir de Goiás – e não para a América, em volume hoje insignificante, mas para o resto do planeta, em especial quanto ao segundo maior comprador internacional, a China, e para a Europa (o primeiro são os EUA).

 

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De tudo o que sai de Goiás para o exterior, apenas 2,8%, a cada ano, vão para o mercado estadunidense. A parcela mais expressiva, em torno de 55%, tem como destino a China, concentrando-se em soja, milho e avicultura. É óbvio que uma grande oportunidade foi criada para o Brasil e, dentro desse contexto, para os produtores instalados no Estado, com a perspectiva imediata de aumento da procura chinesa – e do resto do mundo – notadamente pelas carnes em geral, preenchendo o vácuo aberto pelo Trump. Segundo o economista Mauro Faiad, o “tarifaço trumpiano mexe com preços relativos em diversos setores geradores de riquezas. Deve-se levar em conta o fato de diversos produtos serem insumos de bens e serviços produzidos nos EUA, ocasionando uma elevação nos seus preços, tornando estéril as medidas tomadas. Acredito que Goiás, por conta de sua pauta de exportação, sairá beneficiado por essas medidas protecionistas pelo fato da China e comunidade europeia adotarem medidas de retaliação aos EUA, abrindo espaço para produtos em que Goiás tem grande vantagens comparativas”.

A China, principalmente, não dormiu no ponto, já anunciou providências para expandir as importações oriundas do Brasil e, ato contínuo, de Goiás. Uma larga avenida se abriu. O ponto a discutir passa a ser a capacidade da economia goiana para suprir o salto esperado nos negócios com os estrangeiros. Atualmente com um faturamento de mais de US$ 6 bilhões de dólares em vendas externas a cada seis meses, não seria exagero apostar em dobrar ou até mesmo triplicar esse número – a curto prazo, caso haja capacidade instalada para atender a esse incremento. Esse é o desafio, para o qual as respostas ainda estão por vir, no entanto, em um ambiente que parece se apresentar muito conveniente e propício para o nosso Estado.