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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

13 abr

Em um dos maiores retrocessos da história política de Goiás, Caiado prioriza laços de família ao nomear dezenas de parentes seus e de parlamentares para cargos importantes. Isso é mudança, mas para pior

Não há precedentes em Goiás – ou, se tiver, é para além da República Velha – a prioridade que o governador Ronaldo Caiado está dando para a nomeação de parentes seus, de parlamentares e de titulares de órgãos como a OAB-GO para cargos importantes no governo do Estado. Há poucos dias, o jornal O Popular publicou uma reportagem de uma página mostrando que já são 27 familiares, entre afins de Caiado e de deputados e de pelo menos um senador (e do presidente da OAB-GO Lúcio Flávio de Paiva, que indicou seu irmão Luisinho Paiva para chefe de gabinete da Secretaria da Casa Civil), designados para secretarias e autarquias, muitas vezes se acumulando em um mesmo órgão, caso dos dois primos de Caiado que assumiram a presidência e uma diretoria da antiga Agetop, hoje Goinfra. Tudo indica que a conta de O Popular foi modesta.

 

Além dos familiares de Caiado que passaram a enxamear a estrutura administrativa estadual, preparando-se agora para invadir órgãos qualificados como o Conselho Estadual de Educação – detalhes aqui -, uma plêiade de parentes de deputados, por exemplo, foi nomeada, a exemplo da mãe do deputado Virmondes Cruvinel, que foi para a chefia de gabinete da Emater, ou do irmão do deputado Humberto Aidar, colocado em uma superintendência da Secretaria de Comunicação. Ou o irmão do deputado Josué Gouveia, que ganhou uma diretoria da Agehab. Agehab, aliás, cuja presidência foi entregue a um ex-prefeito réu em processos por improbidade que é irmão do senador Luiz Carlos do Carmo. E por aí, às dezenas, que daqui a pouco se transformarão em centenas, no ritmo dessa festa.

 

É uma esbórnia como nunca se viu antes em Goiás. E logo sob os auspícios de um governador que venceu a eleição escorado na sua rigorosa biografia, prometendo mudar os costumes e moralizar a administração estadual, discurso que Caiado tenta manter de pé até hoje, mas que – como nesse caso da parentalha desenfreada – começa a apresentar brechas que vão acabar levando ao rompimento da barragem.