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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

29 dez

Wilder será provável adversário de Daniel Vilela em 2026, mas não de Caiado

Os elevados índices de avaliação positiva do governador Ronaldo Caiado, hoje entre 77 e 83%, a depender do instituto responsável pela pesquisa, dificilmente serão revertidos nos próximos dois anos e garantem, para 2026, uma disputa pelo Palácio das Esmeraldas baseada no sequenciamento da atual gestão. Será pregar no deserto qualquer candidato propor uma mudança, da mesma forma como seria mão na roda para Caiado obter um terceiro mandato, caso legalmente permitido. Não é e por isso desde já que a presença dominante da imagem do governador se avulta como o principal condicionante da sua própria sucessão, como influenciador número um.

Daniel Vilela é o delfim da base governista, ninguém duvida. Ele assumirá em abril de 2026, conforme anuncia repetidamente o próprio Caiado, e disputará o pleito no exercício do mandato titular cuja renovação tentará. Parece, sem sombra de dúvidas, caminhar para a status de favorito. O mote da sua campanha, como dito, já está traçado: preservar as conquistas iniciadas em 2019 e, para dar um toque de dinamismo, avançar. É o óbvio. E ele, Daniel, como vice e herdeiro político do potencial acumulado pelas forças de situação, o nome mais redondo para se beneficiar de todas essas conveniências e vencer.

Ocorre que nada disso se dará em modo automático. Daniel Vilela tem um desafio imenso à sua frente: edificar a sua candidatura com um grau de consenso a prova de fissuras no plano político-partidário, ampliar e consolidar um estofo popular para a sua liderança (evitando aparecer como uma imposição de cúpula) e, finalmente, fortalecer-se a si próprio como alguém preparado em todos os sentidos para dar sequência ao trabalho administrativo de Caiado. É uma tarefa hercúlea, a que ele, por enquanto, ainda não se atirou, preferindo destacar e aprofundar seus vínculos e sua fidelidade ao governador – conforme se deduz pela agenda 100% atrelada ao Palácio das Esmeraldas que desenvolve diariamente. Munição, o filho de Maguito Vilela tem de sobra: o sobrenome, a juventude, a experiência que vem dos mandatos parlamentares exercidos, a boa retórica e a credencial decorrente da participação em um governo para lá de bem-sucedido.

Mas nada é certo na política, como reza o velho ditado das raposas mineiras: as nuvens de agora mudarão para uma forma diferente daqui a pouco. E o adversário que se prenuncia para Daniel Vilela é de alta periculosidade. Trata-se do senador Wilder Morais, no momento beneficiado por um distanciamento estratégico do centro de decisões e, portanto, resguardado quanto a desgastes. Sua aposta decisiva será repeteco da que deu a ele uma preciosa cadeira senatorial em 2022, ou seja, a identificação com o bolsonarismo majoritário em Goiás, restando saber se ainda vivo até as urnas que escolherão o próximo governador. A propósito, é prudente e realista acreditar que sim.

 

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Wilder é intuitivo na política. Não é de articular nada. Nem de movimentos espetaculares. Tudo indica que concorrerá ao governo do Estado apenas permanecendo como está, onde as urnas o colocaram, sem maiores sobressaltos. Por inércia, enfim. Foi assim que arrebatou o Senado. Maquiavelicamente, será oposição a Daniel Vilela, jamais a Caiado. Escrevam aí, leitoras e leitores, e confiram depois: se concorrer a governador, ele vai também se apresentar como continuidade, buscando assegurar o que de bom resultou dos anos anteriores para Goiás. Seu discurso terá semelhança com o de Daniel Vilela e é aí que mora o perigo. Ainda mais se Caiado for candidato a presidente, representando dentre outros segmentos o bolsonarismo e necessitando de receber o apoio dos candidatos de centro e de direita em Goiás – Daniel e Wilder. É o que, por ora, dá para afirmar sobre 2026.