Exigência de “obras” para dar identidade a um governo é equívoco
Instalou-se nos meios de comunicação, em Goiás, uma discussão sobre a suposta necessidade do governador Ronaldo Caiado investir em obras para construir uma identidade forte para os seus 2 mandatos e assim se fortalecer com vistas a projetos como a candidatura a presidente da República. Um jornal garantiu que a preocupação está instalada dentro do Palácio das Esmeraldas. Outro entrevistou uma cientista política, dando mais corda para a conversa ao definir o sucesso de uma administração como decorrência daquilo feito com ferro, cimento e areia. Investindo nessa estratégia, disse ela, Caiado dispararia como postulante ao Palácio do Planalto e se diferenciaria dos seus concorrentes.
Poucas vezes se ouviu tanta bobagem reunida de uma vez só. A imagem de um governo é produto da conjunção de fatores, nunca de um apenas. Claro, as obras não perderam o seu lugar. Mas, vejam: se Caiado as tem ou não, o fato é que ele chegou a um nível de aprovação perto da unanimidade, figurando com uma apreciação positiva entre 77 e 83%, todos esses números produzidos por institutos de credibilidade mediana acima, inclusive o Serpes. Não há como ir além. O governador alcançou o pico da montanha e dali em diante é o céu. Quanto mais seria possível?
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As variáveis que impulsionaram a elevada e comprovada popularidade de Caiado foram 1) a conquista de um patamar inédito de segurança pública, com a queda drástica de todos os índices de criminalidade; 2) a redução significativa da pobreza, via programas sociais; 3) a aceleração da economia estadual, hoje batendo todos os recordes de crescimento; e 4) o aumento da eficiência da máquina pública, com reflexos na Saúde e na Educação, irradiando um modelo fiscal de redução de gastos e reorganização da dívida e da arrecadação, eliminando a praga do déficit histórico que consumiu por dentro todos os governos dos últimos 40 anos. Acrescente-se a tudo isso a persistência de uma biografia imaculada, com uma incontestável intolerância com a corrupção, ativos, no Brasil, raríssimos entre os políticos.
Observem, leitoras e leitores, que não se falou em obras. Essas, sim, são a obsessão de todo e qualquer governante, pelo país afora. Pelo jeito, também dos jornalistas especializados na área. Em um Estado onde toda a infraestrutura já está implantada, não é fácil inventar algo a ser erigido para chamar atenção. Há estradas asfaltadas por todos os cantos e o que resta é a sua conservação, prioridade para uma Goinfra fartamente alimentada pelos recursos da taxa do agro. Um destaque é o hospital do câncer, o CORA, em edificação avançada, uma realização destinada a projetar para sempre o nome de Caiado, ainda mais pela sua qualificação profissional como médico. De resto, um pacotão de novos hospitais entrou em funcionamento. Na Educação, pela primeira vez se passaram 5 anos sem uma greve sequer, diante das facilidades e comodidades asseguradas para o magistério e até para os alunos, sem falar em todas as escolas reformadas, equipadas e dezenas inauguradas.
Obra, para quem gosta, foi a construção de Goiânia. Aí, sim. Em princípio, nada parecido jamais será intentado novamente em Goiás. Goiânia incutiu no imaginário dos políticos (e dos jornalistas) a conexão entre o triunfo de um governador e o que ele faz de concreto. Isso, contudo, ficou para trás. O mundo mudou, as populações se multiplicaram e as urgências do dia a dia se tornaram outras. Presidentes com dois mandatos como Fernando Henrique, Lula e Dilma não podem ser identificados por obras. Elas não as fizeram, pelo menos uma única capaz de ser equiparada a Brasília. Em outro plano, com o Plano Real e a Bolsa Família, voaram alto. As demandas evoluíram para o bem-estar da vida cotidiana, exigências aliás, que Caiado atende, caso contrário não teria uma aprovação tão esmagadora. E é essa façanha, à qual se junta o seu perfil, que justifica e embala a candidatura presidencial. Não essa ou aquela obra, presente ou futura.