Cenário em Goiânia não está aberto: de 3 nomes possíveis, 2 já estão definidos
É um chavão a que políticos gostam de recorrer quando não conseguem vislumbrar um quadro de candidaturas definidas com clareza para participar de uma determinada eleição: o cenário está aberto, gostam de dizer. E é o falado a propósito de Goiânia: o cenário está aberto, oferecendo espaço para surpresas ou novos projetos. Mas, vejam bem, leitoras e leitores, não é bem assim.
Por natureza, diante da condição de maior centro urbano do Estado e da magnitude social e econômica daí decorrente, a disputa pela prefeitura da capital nunca é descomplicada. Já houve ocasiões nas quais o número de candidatos chegou a nove. Favoritos, dificilmente aparecem. Dois ou três ou até mais nomes costumam dividir as preferências. Raramente acontece o havido em 2012, quando uma conjunção de fatores levou à vitória de Paulo Garcia no 1º turno, com mais de 60% dos votos. Fora esse “acidente”, nem Iris Rezende conseguiu igualar a façanha do médico que na sequência entrou em parafuso e terminou o mandato amargurado com 5% de aprovação. Iris sempre foi obrigado a cavar seus triunfos no 2º turno.
Dentro da sua complexidade política natural, portanto, o panorama em Goiânia para o pleito deste ano está inequivocamente mais desenhado. A condicionante mais importante será a presença de uma mulher, a deputada federal e delegada da Polícia Civil Adriana Accorsi. Sim, ela já concorreu por duas ocasiões, porém agora exibe um potencial eleitoral digno de respeito e essa é a novidade. Os tempos são de valorização do poder feminino, mesmo através de uma petista “soft” destinada a ter contra si o antilulismo transformado em força considerável entre as goianienses e os goianienses. Não à toa, sobram sinais de que esse obstáculo pode não incomodar tanto assim, dado que Adriana divide a liderança das pesquisas, em ascensão contínua, no entanto. E inteligentemente articula um vice do setor empresarial para minimizar as resistências e ampliar a receptividade da sua campanha.
Seguem-se duas bases políticas vigorosas, uma com um representante já configurado (o deputado federal Gustavo Gayer) e outra ainda em busca de um rosto (cada vez mais com a aparência do presidente da Assembleia Bruno Peixoto): são o bolsonarismo, por um lado, e a influência de um governador, Ronaldo Caiado, por outro, usufrutuário de mais de 80% de aprovação e trazendo no histórico os 44% dos sufrágios conquistados em Goiânia para se reconduzir em 1º turno a mais um mandato. São fenômenos, ambos, produzidos pelas urnas de 2022, quando Jair Bolsonaro superou Lula com folga entre o eleitorado da capital e Caiado igualmente recebeu os louros ao registrar um desempenho não repetido antes por qualquer governante estadual.
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A quarta hipótese, que seria o senador Vanderlan Cardoso, se esvaiu em suas próprias contradições e uma série de erros, tornando-se tão isolada que perdeu completamente a viabilidade, a depender hoje unicamente de um recall em desagregação acelerada e de esforços individuais – que, de resto, nem o senador os faz nem ninguém enxerga. Daí que o cenário do páreo pelo Paço Municipal, ao invés de aberto, encontra-se é fechado em um tripé: Adriana Accorsi, Gustavo Gayer e aquele a ser nominado pelo governador (relembrando: este crescentemente com a cara de Bruno Peixoto). Fora disso, não há praticamente nenhuma vida, com Vanderlan em processo de deterioração e o prefeito Rogério Cruz esperneando sem resultado atrás de uma reação aos seus baixos índices de avaliação popular.