Falta de reação de Vanderlan e nova “traição” surpreendem
Que o senador Vanderlan Cardoso é um político solitário, sem fidelidade a aliados, partidos ou bandeiras, não é novidade. Provavelmente ninguém, em Goiás, passou jamais por tantos partidos e se aproximou de uma infinidade de lideranças com uma rotatividade tão grande como ele. Não só estadualmente, como também nacionalmente. Foi base do governo Jair Bolsonaro na mais alta Câmara Legislativa da República, mas metamorfoseou-se para a mesma função quanto ao governo Lula. Em resumo, Vanderlan protagonizou, na sua carreira política já ultrapassando 20 anos, um impressionante vaivém.
Inevitável, daí, que muitos o chamem de “traidor”. Nato, no caso. O próprio Bolsonaro, de viva voz, já usou esse substantivo para categorizar o senador. E muita, mas muita gente mais. Para a corrente comandada pelo governador Ronaldo Caiado, hoje majoritária, trata-se também sem dúvida de um judas profissional. Caiado e os caiadistas apoiaram Vanderlan para prefeito de Goiânia em 2010, contra o emedebista Maguito Vilela. Dois anos depois, em 2022, onde estava o dono dos salgadinhos Mycos? Na trincheira adversária de Caiado, fazendo campanha para eleger governador o estranho no ninho Major Vitor Hugo.
Esse é Vanderlan. Como, por duas vezes, foi candidato a prefeito da capital e em ambas conseguiu chegar ao 2º turno, seria natural um novo lançamento, neste ano. É o esperado. Só que… não. Ele mergulhou na vida interna do Senado Federal, onde preside a 2ª comissão mais importante da Casa, a de Assuntos Econômicos. Há meses não coloca os pés nas ruas de Goiânia, dedicando-se, por assim dizer, a questões superiores do país. Inexplicavelmente, não se movimentou e não deu um único passo para se mostrar como uma alternativa para o Paço Municipal. Neste começo de ano, surpreendeu ao lançar – sempre de Brasília – a ideia de uma composição com o PT para indicar o vice-prefeito na chapa de Adriana Accorsi. Mais uma “traição”, na verdade, dessa vez ao seu partido, o PSD, cujos quadros não consultou, mesmo ciente do ostensivo compromisso da maioria da sigla com o representante a ser agasalhado pelo governador e seu poderoso arco partidário.
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Sem reação, portanto, e com a repentina guinada em direção a um casamento com o PT, contrariando o seu histórico pessoal e político, Vanderlan parece confirmar a desistência na corrida pela prefeitura. A jornalistas chegados, já sussurrou adotar a opção de se guardar para concorrer ao governo do Estado em 2026. Estranho. É notório que essa eleição está desde já polarizada entre o governador da época, Daniel Vilela, e o senador Wilder Morais, ambos ocupando todos os espaços e deixando margem zero para aventuras. O cálculo de Vanderlan pode ser se enfileirar com Adriana Accorsi agora e, caso ela vença, ganhar a devida reciprocidade daqui a dois anos. Quem sabe? Mas poucos como o senador têm ciência de que os acordos do momento acabam não valendo mais na frente. Isso salta da trajetória pessoal dele. De resto, prefeito de Goiânia nunca foi elemento decisório de eleição alguma.