Entender Ana Paula é crucial para o futuro da base governista em Goiânia
A genética biológica e política da advogada Ana Paula Rezende, filha de Iris Rezende, terá um papel fundamental nas eleições deste ano para a prefeitura de Goiânia. Cautelosa, habilidosa e engenhosa como o pai, dona de uma capacidade de expressão até surpreendente para quem nunca se especializou no ramo e apenas se manteve próxima da trajetória das suas figuras paterna e materna, Ana Paula tem um potencial elevado para ajudar a influenciar na decisão do eleitorado quanto ao próximo comandante do Paço Municipal – porém jamais de uma forma, digamos assim, automática.
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Entender Ana Paula e as suas circunstâncias será decisivo para a base governista e para o representante a ser lançado por essa mesma base para concorrer na capital, hoje com a cara do ex-prefeito de Trindade Jânio Darrot – oriundo de uma carreira bem-sucedida tanto no setor empresarial como na praça pública, mesmo assim, no entanto, dominado por uma ingenuidade sem precedentes. Talvez originada no seu bom caráter e na sua decência, convergindo para a convicção infelizmente equivocada de que todos os outros seriam assim também.
Não são. Indo em frente: Ana Paula é a vice ideal em qualquer chapa na capital. Em tese, disporia de capital suficiente para ser a titular. Não quis. Não quis porque tem os pés no chão. Sentiu limites no entusiasmo tanto do governador Ronaldo Caiado quanto do vice e presidente estadual do MDB Daniel Vilela com o seu nome. A interlocutores muito próximos, confidenciou na época enxergar as manifestações favoráveis como apenas formais, carente da profundidade vista por ela como indispensável. Isso veio do sexto sentido herdado do pai. Cá entre nós, leitoras e leitores, não se pode reclamar de Caiado e Daniel, lideranças experimentadas que provavelmente farejaram o risco de uma candidatura familiarmente abonada, contudo ainda longe de uma verdadeira repercussão popular em Goiânia e sem dúvidas se ressentindo do trabalho prévio necessário para alcançar esse patamar de aprovação.
Constatada essa situação, Ana Paula recuou. Modestamente, passou a se autocogitar para uma vaga na Câmara Municipal ou na posição de vice não em uma chapa qualquer, mas em primeiro lugar somente em uma governista, avalizada principalmente por Caiado, e em segundo lugar dotada de viabilidade. Pode ser a de Jânio Darrot? Só e exclusivamente se ele crescer em escala exponencial daqui para o meio do ano, época das convenções definidoras do cenário das eleições. Riscos, ela não vai correr de jeito nenhum na sua etapa inicial na intrincada senda da política, dentro das suas possibilidades naturais para ir além do horizonte.
Como Iris, que se escorou em todas as suas candidaturas na “convocação” do povo para se sacrificar em sua defesa, Ana Paula também padece desse maneirismo. Não é algo a condenar, antes um artifício aceitável em um meio onde a sobrevivência decorre do envolvimento das massas votantes. E não acessível a qualquer um, somente aos que desfrutam de um canal de comunicação direta com a sociedade. Cedo para Ana Paula? Não. Ela começa embalada por um formidável empuxo, qual seja a lenda de Iris, assim como Daniel Vilela em relação ao pai Maguito e o próprio Caiado em relação à tradição centenária encarnada no seu sobrenome. Todos eles se projetam além de um simples momento beneficiados por raízes que se estendem pelo passado afora. Ana Paula precisa ser valorizada.