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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

09 fev

Por que Caiado é o cabo eleitoral dos sonhos dos candidatos a prefeito

Os números acumulados pelo governador Ronaldo Caiado em Goiânia estão por trás da expectativa de que ele, no pleito municipal deste ano, será o cabo eleitoral dos sonhos de todos os concorrentes ao Paço Municipal. É uma condição rara: tradicionalmente, com raríssimas exceções, os governadores do passado sempre foram rejeitados e até hostilizados pelos habitantes da capital, sempre dispostos a escolher um prefeito politicamente dissonante em relação ao Palácio das Esmeraldas.

Em suas três últimas candidaturas majoritárias, Caiado venceu em Goiânia com altas margens de vantagem: 61% dos votos em 2014, para o Senado; 52% para governador em 2018; e 44% na reeleição em 1º turno, em 2022. Na média, em todos esses anos, garantiu metade acima dos sufrágios e consolidou uma inquestionável liderança muito além de meras oportunidades conjunturais. Esses resultados revelam uma linha contínua e estável quanto a prevalência de um clima de simpatia entre as goianienses e os goianienses face a um governante anteriormente ligado aos interesses do setor rural, mas aos poucos convertido em intérprete das aspirações do maior centro urbano do Estado.

Mas não é só. Hoje, o governador desfruta de uma aprovação atestada por dezenas de pesquisas na faixa de 77 a 83%, recorde absoluto diante dos seus antecessores, em todos os municípios. Em grande parte, no caso de Goiânia, motivada pelo êxito da estratégia de segurança pública adotada a partir de 2019, com a redução drástica de todos os índices de criminalidade e a transformação de Goiás na Unidade Federativa mais segura. Caiado derrubou o mito cultivado pelas esquerdas e pelas gestões de antigamente, do PSDB e do MDB, agarradas que foram à tese de que a violência seria consequência inevitável das desigualdades sociais e daí um desafio insolúvel.

Sim, o desequilíbrio entre as classes também diminuiu, como desdobramento da evolução civilizatória da economia e particularmente em Goiás pela força dos programas assistenciais diretos, nos quais são hoje investidos bilhões, anualmente. Porém, o que fez a bandidagem desaparecer das ruas foi a indiscutível autoridade do governador, transformada no dia a dia em mão firme das polícias civil e militar. Uma conquista tão forte para a sociedade goiana que agora funciona como mote para impulsionar a candidatura presidencial de Caiado, em um país onde 60% da população acaba de definir a falta de segurança como o problema número um, de acordo com a pesquisa da Atlas/Intel divulgada nesta semana.

 

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O ex-governador Marconi Perillo, de vez em quando, chama Caiado de “coronel”, imaginando, com isso, desgastar a imagem do adversário. É o contrário: Marconi fortalece o alvo da crítica. Para o imaginário das massas, somente um “coronel” duríssimo na queda seria capaz de resolver uma pendência de décadas, conforme prometeu nas suas campanhas e cumpriu. Empenhou a palavra e tornou realidade o seu celebrado slogan: “Em Goiás ou bandido muda de profissão ou muda de Estado”. Tudo isso caminha para pesar nas urnas de Goiânia, beneficiando o representante da base governista a ser lançado na disputa, aliás como o próprio Caiado explicou com clareza em uma entrevista recente e parece estar coberto de razão: “Um candidato que esteja alinhado com esses princípios, que tenha esse compromisso com as pessoas, e que tenha naturalmente nosso respaldo, certamente sai muito competitivo”, disse ele. A cama já está posta, portanto. Falta decidir quem vai se deitar nela.