Candidatura transforma-se em calvário para Jânio Darrot
Desde que irrompeu em meio à onda de lançamento de candidaturas a prefeito de Goiânia, fortemente abençoado desde o início pelo governador Ronaldo Caiado e pelo vice Daniel Vilela, o megaempresário e ex-prefeito de Trindade passou a viver dias difíceis. Em resumo, expondo-se a situações desagradáveis, com o questionamento do seu discernimento político, memes e vídeos inescrupulosos na baixa internet e finalmente protagonizando o noticiário negativo como alvo de uma operação da Polícia Civil, em busca de provas para uma licitação manipulada durante o seu período como gestor da capital goiana da fé.
Não é exagero dizer: Jânio, tido por unanimidade como uma pessoa de bom caráter, decente e correto, perdeu a tranquilidade. Absolutamente não merece ser alvo de um tiroteio. E isso ainda na fase de construção do seu projeto eleitoral para Goiânia, citado como uma hipótese por ora sem destaque nas pesquisas, mas dotado de potencial a partir da condição provável estabelecida para a sua figura como nome representante da poderosa base de Caiado e Daniel para concorrer ao Paço Municipal. Parte do tempo ele perdeu se justificando e dando explicações, assim como agora, embora tenha demorado, se desdobra para esclarecer o episódio em que teve até o seu apartamento devassado por uma equipe de agentes da PC. Outra parte esvaiu-se por conta do esforço com respostas aos ataques e críticas oriundas muitas vezes do seu próprio campo de ação política.
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Neste começo de semana encurtada pelo carnaval, Jânio Darrot apareceu nos jornais avisando: vai insistir na candidatura. Claro, não poderia ceder sob pena de ajudar a corroborar as investidas de que é vítima e também porque agora a sua luta entrou em um novo front, o jurídico. Depende de bons advogados e de argumentos melhores ainda, pelo menos melhores que os enumerados na lamentosa entrevista a O Popular, mais uma vez revelando a sua ingenuidade e despreparo para as artimanhas do jornalismo e do maquiavelismo naturais em um meio onde transita há muito tempo, no entanto sem adquirir a necessária familiaridade. Não conseguiu, por exemplo, esconder o abatimento. E pisou na bola ao recorrer a uma visão conspiratória sobre a operação policial, a ponto de despertar, nas redes sociais, o comentário preciso de um internauta: “O que importa quem mandou ou deixou de mandar? É a polícia fazendo seu trabalho e apurando fatos, não?”.
Tropeções às vezes costumam vir em série. O sugestivo, no caso de Darrot, é a sucessão deles desde que falou pela primeira vez em ser candidato ao Paço Municipal escorregando imaturamente em inconfidências sobre conversas com Caiado e Daniel Vilela. Mesmo assim, o seu caso não está perdido. O Palácio das Esmeraldas tem poder. Vai depender do governador e da vontade anunciada de vencer em Goiânia, quebrando, nas suas próprias palavras, o “tabu” da hostilidade do eleitorado da capital face a postulantes governistas. E agora, com o carnaval ultrapassado, o palco está montado para as definições que já estão a tardar, a menos de sete meses para a data das urnas.