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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

17 fev

Mendanha acende rastilho para implodir Vilmarzim, mas derrota será também sua

O ex-prefeito Gustavo Mendanha, maior liderança política de Aparecida, continua aprofundando passo a passo o seu distanciamento em relação ao atual, Vilmar Mariano. Não rompeu, mas amplia a cada dia um olhar crítico sobre a candidatura de Vilmarzim, que, agora, em um lance ousado, ele define como “em busca de viabilidade”.

Sem meias palavras, Mendanha diz que as pesquisas ainda vão apontar se o seu sucessor poderá ou não postular um novo mandato. Vejam, leitoras e leitores, a declaração do ex-prefeito em uma curta e objetiva entrevista ao Jornal Opção: “Vamos avaliar as pesquisas para saber se realmente Vilmar Mariano será o candidato. Essa discussão envolve o governador e o vice-governador”, informou. Uma frase educada, porém verdadeira pancada, daquelas de deixar Vilmarzim politicamente tonto. Como complemento, uma reclamação pelos compromissos esquecidos por Vilmarzim (não detalhados, mas com certeza relacionados com a indicação de secretários municipais) e uma crítica direta: “Não tenho insatisfação com a pessoa de Vilmar e sim com a forma de gestão por ele praticada”.

Nocaute a caminho: sem Mendanha, Vilmarzim está condenado a perder a eleição para o deputado federal Prof. Alcides, seu grande adversário daqui a menos de sete meses. E mesmo contando com o apoio do governador Ronaldo Caiado e do vice Daniel Vilela (atenção: Caiado ainda não se posicionou em Aparecida). Alcides lidera as pesquisas com folga (as últimas foram publicadas em dezembro do ano passado). Vilmar se arrasta lá atrás, praticamente empatado com o ex-prefeito Ademir Menezes, na faixa dos 13 a 15 pontos. É inegável a percepção das aparecidenses e dos aparecidenses de que ele está abaixo das exigências da gestão. E, para piorar o que já está ruim, Ademir abriu tratativas com o Prof. e deve aceitar uma composição, com o seu filho e ex-deputado estadual Max Menezes formando na chapa do PL como vice.

 

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Face a essas dificuldades e ao dito por Mendanha, Vilmarzim não teve ainda qualquer reação. Pasmou-se em silêncio. Apenas lembrou acreditar em vencer a reeleição porque terá Daniel Vilela no seu palanque. Não mencionou Caiado. Daniel tem importância e peso junto ao eleitorado de Aparecida (não como Mendanha, óbvio), além dos seus méritos próprios, por evocar e representar o pai Maguito, tido como o melhor prefeito da história da cidade. Ideal para Vilmarzim seria confirmar Caiado ao seu lado, contar, como já conta, com Daniel e ser abençoado por Mendanha. A ausência de um deles desequilibra esse tripé.

Tanto que Mendanha prometeu, para se decidir no próprio colégio eleitoral onde tem o seu máximo poder de influência, ouvir tanto Caiado quanto Daniel. E avaliar as pesquisas. Um item, esse último, com que ele não se preocupou ao anunciar engajamento com Jânio Darrot, em Goiânia. Darrot é um dos últimos no levantamento do instituto Paraná, divulgado há poucos dias. Vilmarzim, pelo menos, está em segundo e tem quatro vezes mais pontos (Jânio pouco mais de 3,5% e Vilmar entre 13 e 15%). O critério de Mendanha na capital é um, logo ao lado, em Aparecida, outro. E uma conclusão final: se Vilmarzim perder, a derrota será também de Mendanha, mesmo não o apoiando. A menos que troque o paletó e se mude para a campanha do Prof. Alcides, independentemente do rumo de Caiado e especialmente de Daniel. É uma sinuca de bico para o ex-prefeito.