Sem candidato de peso em Goiânia, base governista terá que construir um
Não se pode tapar o sol com peneira: a base do governador Ronaldo Caiado não dispõe de um nome “matador” para lançar para a prefeitura do mais importante centro urbano do Estado – Goiânia. Ponto final. A essa altura dos acontecimentos, com a data da votação marcada para daqui a exíguos sete meses, a constatação que salta é a de que o principal agrupamento político em operação em Goiás será obrigado a construir a candidatura de um representante praticamente a partir do zero.
Impossível, não é. A regra geral, contudo, reza: quanto mais tempo para o trabalho de viabilização de um nome, maiores as probabilidades de sucesso. No entanto, em tese, até candidatos lançados na última hora, em situações já registradas pelo país afora, muitas vezes conseguem triunfar. Mas Goiânia é um caso à parte. Historicamente, o Palácio das Esmeraldas não elege seus prefeitos. Ao contrário: seus apadrinhados foram seguidamente rejeitados ao longo das últimas décadas. Talvez tenha havido uma exceção ou outra. O próprio Caiado chamou essa tradição eleitoral de “tabu” e comunicou a intenção de fazer o possível para a sua desconstrução, mesmo porque o projeto presidencial que alimenta sairia fortalecido com uma vitória na capital do seu Estado natal. Perder aqui, ainda mais para alguém como a petista Adriana Accorsi, se for o caso, poderia trazer uma repercussão nacional negativa.
Até agora, Caiado apalpou, especulou, examinou as circunstâncias, porém longe ainda de uma definição. Março já começou e a exigência de uma solução passou à condição de aflitiva. Esse cenário beneficia o ex-prefeito de Trindade e megaempresário Jânio Darrot, submetido a uma verdadeira montanha russa desde a sua introdução no processo sucessório da capital pelo próprio governador. Entre altos e baixos, Jânio sobreviveu apesar de carregar cicatrizes e ainda é considerado como a melhor e mais apropriada saída para a base governista, diante das circunstâncias, com potencial para absorver a influência que Caiado terá sobre a decisão do eleitorado em Goiânia.
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E se Darrot não se afirmar? Difícil pensar em outro desfecho. É intensa, desde o evento bolsonarista na avenida Paulista, em São Paulo, no dia 25 de fevereiro, a articulação em torno do nome do deputado federal Gustavo Gayer, do PL. Em especial, destaca-se a movimentação do ex-deputado federal Major Vitor Hugo. Ele procurou Caiado e até o vice Daniel Vilela para defender uma convergência em torno de Gayer a partir da sua boa colocação nas pesquisas, com desdobramentos para 2026 (Vitor Hugo almeja disputar o Senado). Politicamente, haveria lógica nesse arranjo. O problema é a péssima imagem do parlamentar bolsonarista. Aliás, péssima é elogio. Gayer, como definiu a Folha de S. Paulo, faz questão de se apresentar como uma “figura abjeta”. Como é que políticos eticamente alinhados como Caiado e Daniel dariam apoio a um tipo que vai contra tudo o que eles pensam e fazem?