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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

24 mar

Eleições/2024: marketing terá influência, mas só até certo ponto

A cada eleição, no Brasil, o voto torna-se um produto mais consciente e independente. O espaço para manipulações se reduz, assim como as chances de corrupção eleitoral direta, ou seja, a compra pura e simples de sufrágios.

O marketing também está em baixa. Faz tempo que não se tem notícias, em Goiás, de resultados produzidos basicamente pela publicidade política. Em 1998, na reviravolta triunfante do jovem Marconi Perillo sobre o até então todo-poderoso Iris Rezende, os esquetes humorísticos de Nerso da Capitinga no rádio e na televisão foram fundamentais. Isso hoje é passado distante. Ou seja: as pílulas e os programas do horário gratuito no rádio e televisão, por conta da Justiça Eleitoral, confluíram para um tom de cumprimento de tabela, de forma acessória. .

Mesmo assim, exige-se de um candidato no mínimo o dever de casa. Porque, se não ajudar, o marketing, pode, contudo, atrapalhar e às vezes até induzir a uma derrota. É melhor fazer bem-feito para não correr o risco de um insucesso provocado pela má qualidade da propaganda. Além disso, o recurso a muita fantasia é percebido e acaba dando em reações negativas do eleitorado.

 

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Vejamos a corrida eleitoral de 2020 pela prefeitura de Goiânia. Os dois principais candidatos, Vanderlan Cardoso e Maguito Vilela, caminharam quase emparelhados na campanha, com alguma vantagem para Vanderlan, até que Maguito adoeceu, vítima da Covid-19. Esse incidente mudou as expectativas e se desdobrou com Maguito assumindo a liderança e vencendo no 1º e no 2º turno, mesmo enquanto padecia em um hospital de São Paulo. Esse assunto, decisivo para o veredito das urnas, não foi tratado em momento algum nos programas eleitorais, a não ser superficialmente.

Houve uma reviravolta, portanto. Mas é possível que, em condições normais, mesmo assim Maguito tivesse triunfado. O marketing de Vanderlan era frouxo, sem reação, enquanto o do emedebista bastante afirmativo, permanentemente avançando com questões inovadoras e adotando um discurso incisivo. Não é exagero dizeque Vanderlan caiu sem lutar. Ou, pelo menos, deixando de lutar de acordo.

Vanderlan aprendeu a lição? Não se sabe. Suas campanhas anteriores para o governo do Estado e, enfim, as duas em Goiânia, foram marcadas por um marketing desconexo, frágil e sem conteúdo, o que ajuda a entender as suas derrotas. Nas primeiras foi cliente de Jorcelino Braga, o mais bem-sucedido  marqueteiro goiano, embora com um currículo pobre em matéria de vitórias estaduais: para o Palácio das Esmeraldas, só venceu uma vez, assim mesmo como coadjuvante da enorme popularidade e poder de Marconi Perillo ao eleger o apagado Alcides Rodrigues como seu sucessor em 2006.