Informações, análises e comentários do jornalista
José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

11 abr

Vingança: Vanderlan trabalha para minar o bolsonarismo em Goiás

Certo e acordado quanto a apoiar a candidatura do deputado federal Prof. Alcides a prefeito de Aparecida, inclusive com a indicação do ex-deputado Max Menezes para a vice, o PSD deu uma guinada na última hora e sinalizou para uma mudança de rumo. Na derradeira volta do ponteiro para o vencimento do prazo para a filiação partidária dos candidatos às eleições deste ano, quase à meia-noite do sábado, dia 6, Menezes sentiu o perigo, abandonou o PSD e se mudou para o PL, sigla do Prof. Alcides – que, assim, vai encabeçar uma chapa pura.

Presidente estadual do PSD, o senador Vanderlan Cardoso teve no episódio um comportamento próximo do que se poderia definir como “falta de ética”. Max e o seu pai Ademir Menezes, ex-prefeito de Aparecida e ex-vice-governador, inseguros sobre a situação da legenda e alimentados pela boataria quanto ao reposicionamento do PSD com o prefeito Vilmar Mariano, passaram praticamente uma semana atrás de Vanderlan. Chegaram mesmo a procurá-lo na sua casa, no Condomínio Alphaville, onde, aliás, é vizinho de Max. Foram também repetidas vezes à sede do diretório estadual da legenda, na rua 23, no Jardim Goiás. Nada do senador. Telefonemas insistentes não tiveram resposta. Acionados, intermediários como o deputado federal Ismael Alexandrino não sabiam do paradeiro de Vanderlan.

Como o Prof. Alcides estava mais interessado na companhia de Max e bem menos na aliança com o PSD, a solução encontrada foi a descrita no primeiro parágrafo: filiar Max no PL e manter a chapa. Mas… por que Vanderlan fez o que fez, ou seja, ocultou-se para não ser confrontado com a palavra anteriormente empenhada tanto com os Menezes quanto com o Prof. Alcides? A resposta é simples e objetiva: o senador não vai permitir qualquer contribuição do PSD ao bolsonarismo em Goiás, nas eleições municipais deste ano. Ao contrário, fará o que estiver ao seu alcance para atrapalhar os candidatos apoiados pelo ex-presidente, em uma espécie de vingança pessoal por ter perdido o apoio dessa corrente política e virar alvo de uma campanha de difamação – o que compromete e muito as suas chances de se eleger prefeito de Goiânia.

 

LEIA TAMBÉM

O bizarro lançamento da candidatura de Vanderlan

Isolamento tornou inviável a candidatura de Vanderlan

O fator Gayer na eleição para prefeito de Goiânia

 

Não só os bolsonaristas, como o próprio Jair costumam se referir ao senador como “traidor”. De fato, Vanderlan integrou a base de Bolsonaro no Senado durante os quatro anos do seu governo, mas, com a vitória de Lula, não gastou um mês para se transferir de corpo e alma para a bancada de sustentação do presidente petista. De cara, votou em Rodrigo Pacheco para a presidência da mais alta Câmara Legislativa do país. Daí em diante, passou a ser chamado de “vergonha de Goiás” nas redes sociais, onde a direita é predominante. Não à toa, o deputado Gustavo Gayer responde a uma ação de danos morais no Supremo Tribunal Federal por conta de pesados insultos e ataques para lá de agressivos ao senador.

Essa encrenca tende a custar caro para Vanderlan na disputa pela prefeitura de Goiânia. Isola ainda mais um candidato que já não dispõe de qualquer apoio de expressão, incompatibilizado com as principais lideranças políticas do estado em razão do seu comportamento individualista. A corrente de opinião bolsonarista, na capital, tem superioridade matematicamente comprovada, conforme as urnas de 2022. Além de não votar em Vanderlan, esse segmento, pior ainda, vai trabalhar contra ele. E isso pode até acabar derrubando o senador nas pesquisas e o levar a renunciar à candidatura, temperando essa decisão (hoje fortemente lembrada como hipótese diante da inércia do senador em Goiânia) com mais um ato de retaliação contra o bolsonarismo: a indicação de um vice do PSD na chapa da petista Adriana Accorsi.