Informações, análises e comentários do jornalista
José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

07 jul

Nova visita cancelada confirma birra de Lula com Goiás

Nesta quarta-feira, 3 de julho, o presidente Lula deveria desembarcar em Goiás para inaugurar o campus da UFG em Aparecida e mais uma ou outra obra federal. Luminares do petismo estadual chegaram a comemorar festivamente a visita, enxergando ganhos de olho nas próximas eleições municipais (algo, aliás, difícil de acreditar). Mas Lula não veio e nem virá. Dois dias atrás, cancelou a agenda.

 

LEIA AINDA

Há 15 anos sem vir a Goiás, Lula segue rotina de marcar visitas e cancelar

Desgastes do governo Lula criam desafio para Adriana Accorsi e Gomide

Pior que Lula não vir a Goiás é marcar visitas e depois cancelar

 

Já se passaram 15 anos desde que o santo padroeiro do PT pisou em plagas goianas pela última vez. Só no seu atual governo, já combinou e divulgou quatro passagens oficiais pelo Estado, cancelando todas antes da data marcada. Pode ser coincidência. Contudo, tem a cara de prevenção ou de preconceito contra Goiás, em cujas urnas nunca se sagrou vencedor, com exceção de um único pleito, o de 2002. Fora daí, só derrotas e sempre acachapantes, como a de 2022, quando foi massacrado por Jair Bolsonaro nos 1º e 2º turnos por uma média de 3 votos a 1.

Dizem as más línguas que o presidente não gosta dos habitantes da terra do pequi. Talvez por compartilhar da opinião de que o agronegócio, motor da economia em Goiás, induz a sociedade regional a uma compenetração para lá de conservadora. Goianas e goianos, pelas suas raízes rurais, não encaram o PT com bons olhos. E não há dúvidas de que o antipetismo é um motor que produz decisões eleitorais surpreendentes, a exemplo de cidades como Anápolis, na reeleição de Roberto Naves, ou em vitórias como a do empresário Wilder Morais para o Senado.

Candidato a presidente da República, Lula não se dignou a aparecer em Goiás nem mesmo para pedir votos para si em 2022, quanto menos para o candidato a governador petista Wolmir Amado. A cada eleição, pensando em suprir a ausência, manda vídeos recheados de frases demagógicas em tom elevado de falsidade. Finge ter algum apreço pelo Estado. Porém, parece ter prazer especial em espezinhar os seus desafetos programando repetidamente viagens que nunca acontecem.

No seu terceiro e caricatural mandato presidencial, Lula se travestiu em uma entidade superior, próxima do status de deus. Nesta semana, disse se considerar o próprio povo, desandando com afirmações do tipo “eu não sou só um presidente que está junto do povo, eu sou o povo na presidência da República”. Imbuído dessa aura divina, comete erros em cascata, o maior dos quais, no momento, está na sequência de declarações desastrosas a impulsionar o dólar para uma cotação recorde e seus desdobramentos nefastos sobre a inflação – e quem paga a conta da alta de preços é o “povo”.

Os prepostos do petismo em Goiás penam para justificar a distância que Lula tomou do Estado. O deputado federal Rubens Otoni, espécie de coordenador geral do PT para assuntos goianos, acaba passando vergonha ao tentar explicar que o presidente tem mais a fazer e, portanto, não pode desperdiçar tempo com gente que não o aprecia. Claro, Otoni não se expressou literalmente com essas palavras. Mas o conteúdo foi esse. Para Lula, Goiás não merece a sua atenção porque aqui, se dependesse só do eleitorado local, o presidente seria Jair Bolsonaro.