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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

10 jul

Eleição triangular está configurada para Goiânia: Adriana, Mabel e Vanderlan

A essa altura, meados de julho, a menos de 90 dias para a eleição de outubro, o cenário eleitoral em Goiânia está pronto, com três candidaturas formando uma disputa triangular: Adriana Accorsi, pelo PT; Sandro Mabel, pela aliança UNIÃO BRASIL/MDB; e Vanderlan Cardoso, representando o PSD. Depois da saída de Gustavo Gayer, que deixou o PL órfão de rumo, não há mais espaço para qualquer novidade.

A corrida pelo Paço Municipal, portanto, simplificou-se. Uma candidata é de esquerda. Outros dois, de direita. Nenhum deles extremado, todos, aliás, convergindo para o centro. Até onde a polarização ideológica influir, parece ser da convicção comum a ocorrência de um 2º turno e ainda que Adriana Accorsi está desde sempre classificada. A outra vaga ficará entre Mabel e Vanderlan. Atenção: sozinho, sem o apoio de ninguém, enfrentando um Mabel avalizado pelo governador Ronaldo Caiado, é de se supor Vanderlan tentando se manter à tona sufocado por uma grande desvantagem competitiva.

 

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Faltam pesquisas, por enquanto, capazes de clarear o quadro e sugerir perspectivas. Das poucas já publicadas, a cargo de institutos aleatórios, salta que Sandro Mabel vem crescendo, embalado também pelo eleitorado largado à deriva pela renúncia de Gayer. À margem de tudo isso, corre o prefeito Rogério Cruz como uma alternativa de baixa credibilidade, sem chances nem mesmo remotas de conseguir um lugar ao sol no 2º turno. E ainda há a possibilidade de Adriana Accorsi ser vitimada por um surto exacerbado de antipetismo, suficiente para levar Mabel e Vanderlan para a prorrogação como uma demonstração de força da direita. Difícil, mas… pode acontecer, em especial quando se lembra a inclinação bolsonarista de Goiânia, confirmada pelas pesquisas.

Três candidatos, o mesmo significado do ponto de vista da proposta de gerenciamento urbano que tende a ser levada em conta pelas goianienses e pelos goianienses ao teclar as urnas eletrônicas. Adriana, Mabel e Vanderlan falam dia e noite em recuperar a chamada zeladoria da capital, ou seja, o cuidado necessário com o trânsito, saúde, ajardinamento, serviços públicos variados, educação infantil e tudo o que coloca a prefeitura em contato estreito com as cidadãs e os cidadãos, diariamente. Depois da era Rogério Cruz, não seria por menos: a questão administrativa pesará no encaminhamento da eleição, ainda que, no geral, não se possa dizer que a cidade está mergulhada no caos. Aparentemente, nada que possa beneficiar particularmente ou Adriana ou Mabel ou Vanderlan.

O que fará a diferença, então? Por ora, nada ainda surgiu de interessante, a não ser o apoio dedicado do governador Ronaldo Caiado a Mabel. É um trunfo distintivo: Caiado tem 86% de aprovação popular. E nunca, como agora, seus feitos na segurança pública calaram tão profundamente na consciência coletiva, através da ímpar sensação de que existe um ambiente de paz social em Goiânia. Problema para Mabel: como se conectar e se aproveitar dessa verdadeira e reconhecida façanha do governador, ao praticamente limpar Goiás da criminalidade, já que se trata de um assunto exclusivo da competência estadual e longe da interferência municipal? Adriana Accorsi, delegada de polícia de carreira, poderia se intrometer e arrebatar os eventuais louros daí oriundos, com propostas para reforçar a área – que ela, a propósito, ainda sequer arranhou?

É cedo e é tarde ao mesmo tempo, diante do prazo exíguo daqui até 6 de outubro, dia da votação. Frias, as redes sociais de uma e de outro e outro nada oferecem de interessante para permitir interpretações e até mesmo previsões. Importante é que, até o momento, o alto nível do debate está preservado, com os postulantes se tratando respeitosamente, sem rusgas, perdidos em propostas convencionais e sem imaginação. Esse clima de tranquilidade, óbvio, não vai durar muito. Esperemos, contudo, que não venha a dar o tom da campanha e que se limite a episódios isolados, sem desrespeitar e valorizando as eleitoras e os eleitores goianienses.