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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

13 jul

Semelhança de perfis entre candidatos embaralha em Goiânia

O cronômetro eleitoral já marca menos de 90 dias até as urnas de outubro. É muito pouco tempo, com as nossas escusas pelo inusitado par de advérbios, correto, contudo. As redes sociais e a comunicação online imprimem um ritmo acelerado para os dias de hoje. Dantanho, as campanhas começavam no final do ano anterior ao da eleição. Alcides Rodrigues foi oficializado como candidato a governador em dezembro de 2005, para surpreendentemente vencer 10 meses depois. Isso não existe mais. A corrida por um mandato passou a ser um páreo de última hora. Ou uma maratona à espera do split final para a definição do ganhador.

É o que se tem em Goiânia, hoje, o maior centro urbano do Estado e a mais importante e emblemática disputa por uma prefeitura em Goiás, agora com repercussão nacional diante da candidatura presidencial do governador Ronaldo Caiado. Aparentemente, como este blog já anotou, o cenário está desenhado como um triângulo equilátero, com os ângulos idênticos formados por Adriana Accorsi, pelo PT; Sandro Mabel, defendendo a aliança entre o UNIÃO BRASIL e o MDB; e Vanderlan Cardoso, o cavaleiro solitário do PSD. Mesmo com a impressão de um palco 100% montado, esse quadro ainda pode permitir alguma transformação: por exemplo, a desistência de Vanderlan como consequência do erro estratégico cabeludo configurado no lançamento da sua mulher Izaura Cardoso candidata a prefeita de Senador Canedo.

As coisas não correram como Vanderlan previa. Izaura não se firmou e oscila entre o 2º e 3º lugares nas pesquisas, a uma grande distância do líder – o atual prefeito Fernando Pelozzo, de quem o mínimo a ser dito é se tratar de um administrador espetacularmente competente, talvez o melhor da história do Canedo. Pelozzo não faz concessões à demagogia, cavalgando um impressionante volume de obras e realizações. Daí, em situação desvantajosa, em troca de uma hiper demonstração de suporte para Izaura, Vanderlan poderia recuar em Goiânia e se enfileirar no apoio cada vez mais amplificado ao representante da base governista Sandro Mabel, nesse caso indicando o vice.

São especulações, por enquanto. Verdadeiramente, o que incomoda é Goiânia não é a falta de propostas ou de ideias por conta dos pretendentes ao Paço Municipal. Não planos teóricos de governo em papel que aceita tudo. Do veiculado até agora, só saíram bobagens, repetidas por todos. Instituir a conversão à direita nos semáforos, priorizar a zeladoria (palavra mágica em voga depois do fiasco de Rogério Cruz), postos de saúde 24 horas por dia, mobilidade melhor e por aí afora, arranhando genericamente o que importa para a numericamente volumosa população da capital. Ninguém é capaz de um estalo brilhante como o de Iris Rezende em 2004, quando subitamente irrompeu em um debate televisado com a promessa categórica de resolver o transporte coletivo em seis meses e ganhou a eleição.

Claro, não resolveu. Entre as promessas de campanha e o que efetivamente se faz em um governo vai um hiato enorme e nem Iris escapou a essa regra. As eleitoras e os eleitores têm memória curta. No final das contas, se a gestão caminhar razoavelmente satisfatória, esqueça-se o dito na perseguição aos votos e vamos em frente. É desse modo que funciona o processo de escolha dos prefeitos, governadores e até presidentes. Não se olha para trás. E se aplica um desconto automático para o prometido e jamais cumprido. Assim é a cabeça do eleitor brasileiro, de cabo a rabo pelo país afora.

 

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Em uma avaliação superficial, Adriana Accorsi, Sandro Mabel e Vanderlan Cardoso são personagens similares, até agora, quanto as expectativas para Goiânia a partir de um olhar crítico sobre o que revelam para a hipótese de conquistar a prefeitura. Rigorosamente falando, são, por ora, a mesma e semelhante aposta. Nenhum pensa fora da caixa. Está no ar a sensação de que uma e outro e outro seriam o prefeito esperado para finalmente eliminar o desastre da Era Cruz e só. Não haveria uma revolução, só o trivial feijão com arroz ausente na mesa bagunçada servida por Rogério e sua trupe evangélica (no Paço Municipal acontece uma reza no saguão principal todos os dias pela manhã, espécie de recurso aos céus quando não é possível desatar nós na terra). Nesse caminhar monótono e tedioso, a maioria nas urnas vindouras sairia das características pessoais e do simbolismo embutido em cada nome, o que garante alguma vantagem para o Sandro, na medida da sua vinculação estreita com um Caiado aprovado pelas goianienses e pelos goianienses e da intenção de repetir na capital o que o governador fez no Estado.

Enfim, estão os três a postos: Adriana, mulher e delegada. Mabel, empresário gestor abençoado por Caiado. E Vanderlan também empresário gestor, porém sem muito a oferecer, exceto a procura de uma remissão pela injusta derrota de 2020. Esse panorama não é bom para Goiânia. A menos que algum desses três maiorais consiga se diferenciar e logo.