PP com PSD foi pedido do senador Ciro Nogueira, amigão de Baldy
Ninguém vai confirmar nada. E, a essa altura, depois da reação do governador Ronaldo Caiado, muito incisivo ao cobrar do presidente estadual Alexandre Baldy a anteriormente compromissada posição do PP a favor do candidato da base do Palácio das Esmeraldas em Goiânia, menos ainda. Só que não houve nada de acidental ou casual no episódio, que agora evoluiu para uma encrenca jurídica a ser resolvida pelo Tribunal Regional Eleitoral – com quem o PP vai ficar, levando os seus preciosos segundos no tempo de propaganda eleitoral gratuita no rádio e televisão: com o PSD ou com o UNIÃO BRASIL?
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Essa estória não aconteceu por acaso. Ou acidentalmente. Não. Baldy foi abordado pelo senador Ciro Nogueira, presidente nacional do PP e colega de Vanderlan Cardoso na mais alta Câmara Legislativa do país. Ciro queria fazer um favor a Vanderlan, moeda que movimenta os conchavos políticos nos bastidores do Senado. E Baldy viu a oportunidade de estreitar seu relacionamento já solidificado com Nogueira. O pedido, simples: colocar o PP junto com o solitário PSD, em Goiânia, formando uma coligação que dobraria o tempo do programa eletrônico de propaganda de Vanderlan. Problema: Baldy já tinha pactuado com Caiado para o alinhamento com Mabel.
Produziu-se então uma fórmula, baseada na tentativa de levar Caiado no bico. Baldy se omitiria e deixaria a coisa correr, e aconteceu exatamente assim, até o desfecho mediante um fato consumado: surgiu uma ata de última hora, no prazo derradeiro para as convenções partidárias, e, bingo, o PP estava fechado com Vanderlan. Um dia antes, Baldy esteve com Caiado, quando, provavelmente, sondou a situação. Pode até ter ligado para Ciro Nogueira, avisando que aparentemente o plano daria certo, porém isso é uma suposição. Aliás, muito do jornalismo político é por aí: suposição.
Em um evento há quase um mês, o diretório metropolitano do PP, presidido por Joel Sant’Anna Braga, irmão de Baldy, anunciou apoio ao candidato do governador. Baldy não foi. Desse momento em diante, todo santo dia despontavam notícias aqui e ali informando que não, que o PP não estava definido em Goiânia, que continuavam as conversas com Vanderlan – e Baldy calado. E assim ficou até a segunda, 5, quando a misteriosa ata de aliança com o PSD foi protocolada na Justiça Eleitoral. Ciro Nogueira esfregou as mãos. Comemorou com Vanderlan. Mas veio a indignação de Caiado, manifestada em telefonema a Baldy. E ele, Baldy, amarelou,
Sob suas ordens, o partido enfim fez o que deveria ter feito lá atrás, quando começaram as fofocas: trocou os dirigentes de Goiânia e produziu outra papelada, retificando a ata de apoio ao PSD, imediatamente entregue ao TRE-GO, onde, agora, o assunto está sub judice e terá um desfecho a favor de Mabel ou de Vanderlan impossível de se prever – o que já é um ganho para Vanderlan e dá a Baldy uma desculpa para apresentar a Ciro Nogueira, em caso de reviravolta, e outra para Caiado, se tudo ficar como tramado inicialmente (ou seja: o PP coligado com o PSD). Foi dessa forma que as coisas se deram, leitoras e leitores. Tentaram passar Caiado para trás e não conseguiram, pelo menos por enquanto. A decisão judicial final não tem prazo e pode se estender até os tribunais de Brasília, criando uma embrulhada jurídica: o tempo do PP no rádio e televisão pode ir para o PSD, que registrou a primeira ata, ou para o UNIÃO BRASIL, dono da melhor documentação. Ou para ninguém, se o processo não se resolver rapidamente – o horário gratuito começa no próximo dia 16, uma sexta-feira.