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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

07 set

Atlas/Intel traz péssima notícia para Alcides: a reviravolta em Aparecida

O Instituto Atlas/Intel é um órgão de pesquisas eleitorais de primeira grandeza. Tanto que é um dos que mapeiam a disputas presidenciais para a grande imprensa. Na corrida pela prefeitura de São Paulo, suas apurações ocupam as manchetes e foi, inclusive, o primeiro a detectar o fenômeno Pablo Marçal. Pois bem: neste fim de semana, a praticamente 30 dias da data das urnas, o Atlas/Intel fechou um levantamento em Aparecida e colocou na mesa péssimas notícias para o Professor Alcides, candidato do PL.

Direto ao que interessa: Alcides ainda (atenção para o detalhe: esse “ainda” tem a maior importância) lidera, com 42,8% das intenções de voto, seguido de perto por Leandro Vilela (MDB), com 37,5%. Distância mínima, levando a um nivelamento dentro da margem de erro de 3 pontos para mais ou para menos. Willian Panda (PSB), por sua vez, foi escolhido por 11,1% dos entrevistados. Ou seja: o 2º turno já está configurado, desvanecendo-se no ar a vantagem de até 20 a 25 pontos que Alcides chegou a ostentar em levantamentos passados de outros institutos. Porém, piorando o que já ficou ruim para o Professor, as projeções de 2º turno, no caso do confronto provável entre os dois mais bem colocados, Alcides (44%) aparece tecnicamente empatado com Vilela (43%).

 

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Dada a credibilidade do Atlas/Intel, o mínimo que se pode dizer é que as coisas se complicaram para Alcides. Ele se perdeu em meio a uma campanha desastrada, sem norte, ancorada em decisões estapafúrdias de marketing, como não comparecer não apenas a debates com os adversários, como nem mesmo a entrevistas e sabatinas em que, sozinho, estaria protegido de eventuais questionamentos mais ácidos dos concorrentes. Não quis ir sequer à do jornal O Popular, meio de visibilidade que um candidato jamais poderia dispensar. O professor é um candidato quase oculto, que só é visto em público em eventos controlados. Além disso, não tentou minimizar seus pontos fracos, entre os quais o de representante da velha política e de portador de uma biografia repleta de polêmicas – algumas das quais graves, envolvendo machismo e preconceito contra mulheres.

Leandro Vilela é um nome leve, com a cara da juventude e da inovação. Basicamente, ele foi escolhido para substituir o prefeito Vilmar Mariano exatamente por isso: Vilmarzim, tal qual Alcides, é outro exemplar graúdo da velha e nesse particular provinciana política de Aparecida. Jamais ganharia, o que saltou demonstrado sem possibilidade de dúvidas nos estudos qualitativos. Mas o que impulsiona Vilela, mais que esse sobrenome sagrado, é o apoio escancarado do governador Ronaldo Caiado e em seguida do ex-prefeito Gustavo Mendanha (e acessoriamente do vice Daniel Vilela). Não por acaso, a pesquisa Atlas/Intel apontou Caiado (71%) e Mendanha (63%) como as maiores lideranças com capacidade de exercer influência eleitoral em Aparecida. E os dois estão lá, diariamente, nos programas e nas inserções de Leandro na TV, reafirmando incansavelmente a condição de pilares da candidatura de Vilela.

Outro viés relevante está no sucesso da aposta que a campanha de Leandro Vilela fez no horário gratuito do rádio e televisão. Os dados do Atlas/Intel foram levantados durante a exibição da primeira leva de programas, nos quais a superioridade estética e de conteúdo do audiovisual do candidato do MDB esteve léguas à frente do modelo convencional, pobre e arrastado das mensagens eletrônicas de Alcides. O Professor brincou com os recursos à sua disposição, levando ao ar, com todo respeito pelos profissionais envolvidos, uma bela porcaria. Isso tirou e continua tirando votos. A campanha de Alcides transformou-se em uma coleção de erros.

O advento do 2º turno, hoje garantido porque William Panda também cresceu e já escala índices superiores a 10%, será, pela própria ocorrência, uma derrota e tanto para Alcides. Ele entrará nessa prorrogação com as suas intenções de voto em queda, ao passo que Vilela estará em plena ascensão. Professor está com a receita nas mãos para colher um amargo insucesso na noite de 6 de outubro.

         Dados técnicos da Pesquisa Atlas/Intel – Pesquisa realizada com 1.225 eleitores de Aparecida de Goiânia, entre os dias 01 e 06 de setembro. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos e o grau de confiança é de 95%.O levantamento está registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o n.º GO-00108/2024.