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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

22 set

Serpes aponta para façanha histórica de Caiado: a quebra do tabu em Goiânia

São poucas hoje, depois da publicação da última pesquisa Serpes/O Popular sobre o cenário eleitoral em Goiânia, as dúvidas sobre a iminência de um fenômeno político na capital, qual seja a quebra de um tabu consolidado nas décadas em que todos os governadores tiveram os seus candidatos a prefeito recusados pelo eleitorado goianiense. Isso porque o desenho do 2º turno firmou-se com os líderes da pesquisa, em empate técnico, Sandro Mabel, pela base governista, e Adriana Accorsi, pelo PT, conforme informado pela pesquisa Serpes.

Vanderlan Cardoso está fora do jogo. Com o início do horário gratuito no rádio e na televisão, saiu-se mal, assumindo a imagem forçada de professor de Deus, que tudo sabe sobre tudo. Acabou protagonizando programas artificiais, os quais contribuíram para rapidamente diluir o famoso recall das candidaturas passadas – e, o pior de tudo, sozinho de dar dó. Ninguém, ninguém apoia Vanderlan, em um caso raríssimo na história das eleições em Goiás, uma situação que ele tentou levar às últimas consequências buscando algum proveito, mas se dando mal.

Outro concorrente potencialmente com chances, não pelo que é, mas pelo que representa, ou seja, o bolsonarismo, Fred Rodrigues também não foi bem na sua exposição pela TV. Andar de moto pela cidade, com blusão de couro, foi fatal. Na linguagem de antigamente, mostrou-se como um playboy e esse tipo de perfil, como se sabe, não ganha eleições no Brasil. Por último, tem o Rogério Cruz. Ou tinha. Esse, nunca contou de fato com uma mínima possibilidade de um desempenho sequer razoável.

Restaram no ringue Mabel e Adriana. Serão eles os habilitados para o 2º turno, quando, a menos de 15 dias para a data das urnas, parece improvável qualquer reviravolta. A vantagem de Mabel é imensa. Contar com o governador Ronaldo Caiado, aprovado por 86% das goianienses e dos goianienses, foi e é um privilégio. Caiado, assim, aproxima-se da maior de todas as suas façanhas no governo, e elas são muitas, ao tornar viável o triunfo do seu apadrinhado na capital famosa pela hostilidade declarada a todo e qualquer representante do Palácio das Esmeraldas.

 

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Mabel vencer, no 2º turno, é uma espécie de destino manifesto. A maioria dos votos de Vanderlan, Fred, e até de Rogério Cruz irá para a sua capanga, por uma questão de identidade ideológica e de perfil político. Adriana Accorsi pescará alguma coisa, mas só mesmo um milagre para ela vencer a onda negativa do antipetismo programada para a prorrogação a caminho. Conhecendo-se a mão pesada do seu marqueteiro, Jorcelino Braga, é de se prever: a sua campanha vai reagir abrindo uma artilharia contra Mabel e isso, no final das contas, pode até piorar as coisas para a candidata – ela sim, tem um ponto fraco fundamental na sua filiação partidária e na sua histórica subserviência à disciplina soviética do PT. Só o voto na Câmara Federal a favor da manutenção das “saidinhas” de presos, tem potencial suficiente para derrotá-la em um eleitorado hoje beneficiário do maior período de paz social de todos os tempos, em consequência da drástica redução dos índices de criminalidade produzida pela estratégia duríssima de segurança pública implantada em Goiânia e pelo Estado afora. É fácil, para um marketing de inteligência e qualidade mínima, colocar Adriana Accorsi como um risco para a continuidade dessa política bem-sucedida.

O compromisso da adversária com uma visão do mundo que trata bandidos como coitadinhos e como vítimas das desigualdades sociais, se for explorado por Mabel, será fatal para a delegada que, não à toa, renunciou a esse título na sua comunicação de campanha. Bastará isso para reacender a chama do antipetismo e levar Mabel ao sucesso no 2º turno, reforçado pelo prestígio de Caiado. Lá atrás, esse script estava reservado para Vanderlan, mas ele jogou tudo no lixo ao se meter na tresloucada aventura de apoiar Major Vitor Hugo para governador, em troca de uma vaga chulé de 1ª suplente na chapa de Wilder Morais para sua mulher Izaura. Isso enterrou o senador, que ainda se deu ao luxo de jogar uma última pá de terra por cima de si próprio ao lançar Izaura para a prefeitura de Senador Canedo.

O tabu está prestes a ser quebrado em Goiânia. Caiado ganhará novo salto na sua dimensão nacional, como candidato a presidente da República alavancado pela colheita de êxitos em sua gestão administrativa e política em Goiás. O governador se fortalecerá pela competência e eficiência comprovada ao atravessar um processo eleitoral histórico, marcado por uma, digamos assim, primeira rodada de confrontação entre a direita bolsonarista e a esquerda lulista em nível municipal. Mabel eleito prefeito – e ele está a um passo disso – terá um efeito de apoteose para Caiado e renovará o ânimo com a sua candidatura presidencial.