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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

07 out

Confronto Fred x Mabel é diferente de Márcio x Gomide e de Vilela x Alcides

Nos três maiores centros urbanos do Estado – Goiânia, Aparecida e Anápolis – as eleições municipais só trouxeram uma surpresa na capital e ainda assim meio que cantada na antevéspera: a escalação de Fred Rodrigues (PL), em 1º lugar, para o 2º turno. Em Aparecida e Anápolis, as disparadas de Leandro Vilela (MDB-UNIÃO BRASIL) e Márcio Correa (PL) já estavam precificadas pelas pesquisas publicadas na reta final. A região metropolitana estendida, incluindo o Centro, vai com todo o seu peso populacional para a prorrogação das suas corridas pelas prefeituras.

Em perspectiva, Márcio e Vilela entram como favoritos no 2º turno. Seus adversários, Antônio Gomide (PT) em Anápolis, e Professor Alcides (PL) em Aparecida, vergaram sob equívocos de campanha diferentes. Gomide, a exemplo de Adriana Accorsi (também PT) em Goiânia, tentou esconder o seu partido e as suas origens ideológicas, igualmente orientado pelo mesmo Jorcelino Braga que marquetou a mesma estratégia para Adriana. Deram com os burros n’água e acabaram vítimas do antipetismo que pretenderam driblar criando ilusões para o eleitorado. Por um beiço de pulga, Gomide escapou da derrota já no 1º turno. Mas ela está contratada para o 2º turno.

O Vilela, em Aparecida, contou com empenho explosivo (não há palavra melhor) do governador Ronaldo Caiado e do ex-prefeito Gustavo Mendanha, de quebra faturando alto com a rememória do seu sobrenome, em conexão com o melhor prefeito da história do município. Esses fatores, fundamentais, foram subestimados pela campanha do Professor Alcides, uma das piores já vista em Goiás e a partir de agora exemplo para o país de tudo o que um candidato a prefeito não deve fazer ou deixar de fazer. Alcides, assim, acabou também como cabo eleitoral do seu antagonista, com a sua coleção de erros baseada na pseudo-esperteza de não se expor ao público para evitar desgastes, mas assim privando-se de se defender da polêmica sobre o excesso de episódios turvos do seu passado e foram, corretamente, muito bem explorados pela propaganda adversária.

 

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Márcio e Vilela ingressam na nova etapa das eleições em trajetória de alta, com Gomide e Alcides em linha descendente. É fatal, ainda mais diante da tendência nacional de reproduzir no 2º turno o resultado do 1º turno, apenas com margens maiores. É uma regra dificilmente quebrada, porém, agora, o desafio colocado diante de Sandro Mabel (UNIÃO BRASIL) e do governador. Em Goiânia, há um cenário específico a considerar quanto ao destino dos sufrágios dos candidatos descartados no 1º turno, em maior volume concentrados na herança de Adriana Accorsi e Matheus Ribeiro (PSDB). Aparentemente, esse jacá de votos representa o terço da capital que adotou em Lula em 2022 e é óbvio que não vai cair no samburá do bolsonarista Fred Rodrigues. Pode, no final das contas, ser a saída para Mabel, mesmo porque, tanto ele como o Fred, saltaram para o 2º turno em ascensão, o candidato do PL mais acentuadamente, porém, de qualquer forma, os dois.

Ao empurrar para o 2º turno eleições em que entrou atrás nas pesquisas (considerando-se que Márcio Corrêa, em Anápolis, é o candidato do peito do vice Daniel Vilela), a base governista já obteve uma meia vitória. Como tem o caminho livre para vencer em Anápolis e Aparecida, sem correr o risco de sustos, restou o tremendo desafio configurado em Goiânia. Caiado já deu o tom, com um pronunciamento tão duro quanto engajado assim que saiu o relatório final do TRE-GO, batendo de frente com Fred Rodrigues e mais uma vez comprando a briga para si próprio. O governador é um influenciador peso-pesado, já se livrou da hipótese de ver a esquerda triunfante no seu quintal e agora vai mergulhar de corpo e alma na recampanha de Mabel. É cedo para prognósticos, no caso de Goiânia.