Fundamentos para a vitória de Caiado em Goiânia seguem intactos
A passagem do 1º para o 2º turno das eleições para prefeito de Goiânia não alterou em nada a expectativa de vitória do candidato apoiado pelo governador Ronaldo Caiado, o empresário e ex-deputado federal Sandro Mabel (UNIÃO BRASIL) – mesmo com Mabel ultrapassado por uma pequena margem, na votação do domingo, 6 de outubro, pelo bolsonarista Fred Rodrigues (PL). É previsível que as primeiras pesquisas já apontem para uma superioridade de Mabel, herdeiro natural do maior volume de votos disponibilizados pelo desfecho do 1º turno, ou seja, aqueles dados a Adriana Accorsi (PT) e Matheus Ribeiro (PSDB).
Fred Rodrigues, contra Mabel, só conta com a cartada ideológica. O Sandro, além de dispor dessa também, em sintonia com o seu passado e com Caiado, tem na mão a vantagem do perfil de bom gestor consolidado na iniciativa privada, algo demandado depois da tragédia Rogério Cruz. Em tese, para onde a eleição for puxada, o candidato governista consegue se situar bem. A rigor, não existem diferenças de visão de mundo entre Caiado, Bolsonaro, Mabel e Fred, a não ser quanto ao estilo pessoal de fazer política, uns com civilidade, outros recorrendo aos extremos da agressividade. Vocês, leitoras e leitores, sabem como são cada um deles.
Uma disputa eleitoral carrega sempre uma dose de imprevisibilidade. O veredito das urnas do 1º turno é uma prova, ao derrotar Adriana Accorsi – a Adriana do PT que o marqueteiro Jorcelino Braga tentou purificar política e ideologicamente, porém com consequências deletérias: o esgarçamento da imagem de uma mulher de valor que de repente aparece na televisão protagonizando um cineminha ensaiado de encontros com “moradores” de Goiânia, colorizada com um lilás emaciante, um novo número, o famoso 1 + 3 no lugar do 13, e até mesmo ocultando equivocadamente o epíteto de “Delegada” diante de um centro urbano onde a segurança pública passou a ser hipervalorizada, depois do êxito de Caiado na redução drástica dos índices de criminalidade.
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Dentro da racionalidade, os argumentos a favor de Mabel estão anos-luz à frente das justificativas para o voto em Fred. Só que paixão também é um ingrediente da decisão do eleitorado. E o confronto entre um Bolsonaro à distância e o Caiado logo ali, ao alcance de um abraço, não está imune a surpresas, embora seja mais inteligente apostar nas fichas que as pesquisas logo estarão apontando como as mais viáveis: Mabel na prefeitura, a depender da qualidade e assertividade da sua campanha, em especial quanto aos programas de propaganda no horário gratuito do rádio e na televisão.
Não mudou nada do 1º para o 2º turno em Goiânia, a não ser a troca de Adriana por Fred como confrontante de Mabel – que segue com maiores possibilidades de se sagrar vencedor da corrida pelo Paço Municipal. É como disse Caiado: Bolsonaro não vai estar aqui para apoiar e tocar a gestão da prefeitura da capital, depois das urnas contabilizadas. É uma interferência nacional sobre um assunto cuja resolução deveria se dar exclusivamente dentro dos limites locais. Lula, em outros tempos, tentou alavancar a eleição de Iris Rezende contra Marconi Perillo, como em 2010, e seu deu mal. O petista esteve até em comícios no Entorno de Brasília para abençoar o velho cacique emedebista e não adiantou. Era alguém de fora tentando atravessar uma prerrogativa que só cabia localmente. Não funcionou.