Caiado é o grande vencedor, bolsonarismo e PT os maiores derrotados
O governador Ronaldo Caiado sai das eleições municipais deste ano em Goiás como o grande vencedor: fez barba, cabelo e bigode na região metropolitana, a caixa irradiadora que influencia decisivamente o resto do Estado, além de, no cômputo geral, chegar a um número recorde de prefeituras conquistadas pela base do Palácio das Esmeraldas. Como, na política, onde há vitoriosos, desse processo resultam também os derrotados. E, dentre esses, despontam o PT e o bolsonarismo, as duas extremidades do espectro ideológico igualadas na rejeição pela maioria do eleitorado goiano.
Embora o petismo de Goiás seja diferente do resto do país, mais limpo e longe da corrupção sistemática do partido no âmbito federal, o insucesso de Adriana Accorsi em Goiânia e de Antônio Gomide em Anápolis colocou o partido às portas da bancarrota. O perfil individual positivo, principalmente de Adriana, não adiantou. Não há a menor perspectiva de futuro para o PT estadual, a não ser através unicamente do valor pessoal representado pela Adriana – provável candidata a senadora em 2026 se ousar correr o risco de um novo e bem provável tropeção. Como corrente política, a esquerda estadual emergiu das urnas ferida de morte – e, aliás, já foi assim que entrou na eleição, refletindo a sua péssima situação nacional, com os seus candidatos em Goiânia e em Anápolis se desdobrando para ocultar as suas raízes negativas e fugindo como o diabo da cruz dos estigmas petistas.
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O bolsonarismo se saiu pior que o PT. Seu ícone maior acampou em Goiás nos 1º e 2º turno acreditando em um poder mágico de alavancagem de candidatos sem preparo e sem conteúdo, como Fred Rodrigues na capital e Professor Alcides na vizinha Aparecida. Fiasco. Nenhum dos dois escapou à virada comandada diretamente por Caiado, em uma aposta em que o governador empenhou o seu prestígio e até a sua liderança nacional. Sandro Mabel destroçou o tabu da hostilidade das goianienses e dos goianienses diante de candidatos apadrinhados pelo Palácio das Esmeraldas, enquanto Leandro Vilela protagonizou uma das viradas mais espetaculares da história das eleições municipais em Goiás. Tudo isso por conta de Caiado.
As leitoras e os leitores dirão: e Anápolis? Não foi o PL bolsonarista que ganhou lá, e bem, enquanto a professora Eerizânia de Freitas, bancada pelo governador, não foi a lugar nenhum? Sim, é verdade. Mas há nuances a considerar: Márcio Corrêa, o novo prefeito, é ligado ao vice-governador Daniel Vilela e só se filiou ao PL na última hora, deixando o MDB, para atrair os votos bolsonarista e pontualmente fortalecer o seu projeto. Ele, primeiro, é da mesma direita de Caiado, civilizada e democrática. Segundo, está ampla e firmemente conectado com a base governista, através dos laços com Daniel. E, terceiro, foi parar no PL por uma questão de estratégia eleitoral, porém mantendo o coração e a alma no MDB.
Encerrado o pleito municipal, o balanço indesmentível é que o cenário político estadual não mudou, ao contrário, manteve-se centrado em uma figuraça abrangente e de força e poder em crescimento contínuo – Caiado. O governador segue sem oposição e sem qualquer contestação minimamente consistente para o seu controle sobre o encaminhamento da própria sucessão em 2026, quando buscará sentar o delfim Daniel Viela na sua cadeira no Palácio das Esmeraldas. Sim, amigas e amigos, 2026 começou nesta segunda, 28, ainda sob a ressaca do 2º turno em Goiânia, Aparecida e Anápolis. Caiado é o vitorioso inconteste. E nada parece atrapalhar os seus planos para o futuro.