Mabel cria a figura do prefeito elétrico e preenche o imaginário de Goiânia
Nunca se viu um prefeito como Sandro Mabel. Possivelmente nem em Goiânia nem em parte alguma. A pouco mais de 30 dias para a sua posse, ele já “assumiu” e marca presença em todas as frentes administrativas da pequena metrópole que vergou sob o desastre chamado Rogério Cruz. Mabel é o cara da hora. Está trabalhando de sol a sol, correndo atrás das demandas criadas pelo colapso do Paço Municipal e, o mais importante, resolvendo, como no caso da falta de leitos de UTI que estava matando pacientes graves (e levou à prisão o secretário de Saúde de Cruz, que deveria ter ido também). Mabel enfiou o dedo na ferida e colocou um ponto final na crise.
É show. O prefeito eleito parece elétrico. E olhem, leitoras e leitores, que a voltagem é alta. Não há ninguém, na safra de gestores eleitos pelas urnas de outubro, que se compare, pelo Brasil afora. O furacão em que Mabel se converteu sugere até que a legislação precisa ser mudada ou, melhor, modernizada, para que os novos governantes recebam o cargo uma semana, 10 dias depois de eleitos. Para quê contemplar o vácuo de dois a três meses entre a eleição e a posse? Isso, Mabel está comprovando, perdeu o sentido. Para quê deixar um morto-vivo em fim de mandato arrastando uma cidade inteira para a ruína?
O jornal O Popular disse em manchete que Goiânia, no momento, tem dois prefeitos. Errado. Tem um só e é Mabel. O homem está em todas. Dá para notar que até emagreceu. Vai ver que nem ele mesmo sabia que tinha tamanho potencial para fazer e desfazer. Bastou ser conectado à tomada certa e se incandesceu a um ponto de quase explosão. Porém, no momento exato e na força certa, sim, provocando um quê de destruição criativa, transformando a gestão de Rogério Cruz em pó improdutivo. Era, sem dúvida nenhuma, o que as goianienses e os goianienses precisavam.
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Mabel já desperdiçou antes chances de passar à história. Mas essa, agora, é a sua oportunidade de ouro. Rico ele já é, não tem mais necessidade de nada do ponto de vista pessoal. Não pode errar e não está errando, aliás sinalizando ter escolhido um rumo que honrará o apoio decisivo que o governador Ronaldo Caiado deu a ele, levando junto o vice Daniel Vilela e todos os partidos da base aliada. Essa deveria ser a sua única preocupação, para renascer como homem público, lavando nas águas do rio Lete as suas escorregadas do passado e se tornando um marco para a política e a gestão pública não só em Goiás, como em termos de país.
O remédio para a doença de Goiânia chegou. Caiado, que é médico, prescreveu a receita e vai tudo no caminho da cura, e rápida. Como ninguém é perfeito, Mabel anda seduzido por veleidades fiscais, como a criação da taxa do lixo. Vamos torcer para que não o faça, perenizando a lua de mel com a população iniciada na noite da sua histórica vitória no 2º turno. Não pega bem para o novo prefeito, um liberal de sólida formação, aumentar a carga tributária, sob qualquer pretexto. Isso só dilapidaria o seu capital moral e político, que, vejam bem, emergiu monumental das urnas de outubro último. Por aí, não vale a pena, é só prejuízo e, de certa forma, vai ajudar a cortar a eletricidade e deixar Mabel sem pilha. O melhor é reduzir despesas. E ser grande.