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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

30 jan

Em ato falho, Vanderlan mostra que seu verdadeiro tamanho é a prefeitura de Canedo

Sem querer, o senador Vanderlan Cardoso apareceu de repente nas redes sociais para dizer que, “com certeza”, pretende “voltar a ser prefeito de Senador Canedo” – o seu primeiro cargo público, do qual, convenhamos, nunca se libertou, mesmo após a sua acidental eleição para a mais alta Câmara Legislativa do país. Isso tem um nome: “ato falho”. Ou seja, sem querer, Vanderlan inequivocamente admitiu que o seu verdadeiro tamanho, na política, é uma prefeitura municipal.

Vanderlan saiu reduzido a pó de traque das últimas eleições. Perdeu feio em Goiânia (5º lugar, atrás de Matheus Ribeiro, do insignificante PSDB). Sua mulher, Izaura Cardoso, ficou em 3º lugar em Senador Canedo, com metade da votação do vitorioso Fernando Pellozo. Nos dois casos, vexame. Mas construídos pelas mãos de Vanderlan, um rico empresário que sempre teve uma concepção distorcida da política – um terreno pantanoso em que ele passou por quase uma dezena de partidos e nunca fez alianças, a não ser eventuais, a critério dos seus interesses pessoais. Não poderia dar certo, como não deu, apesar da conquista do mandato senatorial, um ponto fora da curva, repetindo, em uma rara ocasião em que os astros se alinharam favoravelmente às suas ambições individuais – algo que, seguramente, nunca mais vai acontecer porque, diz o ditado, um raio não cai duas vezes no mesmo lugar.

As condições para a reeleição de Vanderlan ao Senado, em 2026, são hoje as mais adversas possíveis. O fiasco em Goiânia e Senador Canedo comprovou que o seu potencial eleitoral foi zerado. Como não encontrará ninguém para bancar a sua aventura, tende a mais uma vez se apresentar como candidato de si próprio e de mais ninguém. Obviamente, não dará certo. O destino manifesto é o que ele mesmo farejou, na postagem no Instagram em que abraçou a hipótese de um dia voltar a Senador Canedo. Lá, ele ganha, porque consolidou a imagem de um bom prefeito – embora até isso tenha se convertido em uma avaliação arriscada, no momento, depois da fragorosa derrota da sua mulher nas últimas eleições no município.

 

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O caso de Vanderlan é perdido: ele, como todo milionário, julga-se acima dos mortais comuns, não ouve ninguém, tem pouca cultura política e não sabe nem mesmo qual é o papel institucional de um senador, gastando seu precioso tempo no Congresso Nacional com a administração de emendas orçamentárias e o envio de tratores para prefeitos que jamais terão qualquer compromisso com a sua “liderança”. Sentado na bancada em que um dia tiveram assento ícones como Pedro Ludovico, Henrique Santillo, Iris Rezende e Mauro Borges, Vanderlan espreme-se entre dois sacos, como Brás Cubas, tirando as moedas do tempo de um e passando para o outro: “Uma de menos, outra de menos, uma de menos…” e assim por diante aguardando o inexorável encerramento do mandato que virá daqui a dois anos. Depois, só restará Canedo.