Atribuir ação da PF a Caiado é desculpa esfarrapada que só culpabiliza Marconi

Mais uma vez, a enésima, o ex-governador Marconi Perillo tenta justificar ações policiais de que é alvo com um narrativa de “perseguição” pelo governador Ronaldo Caiado. Isso não só cansa, como desmoraliza Marconi. Quem invadiu a casa de Marconi no Alphaville arrombando a porta dos fundos e assustando os vizinhos foram os agentes da Polícia Federal, que não recebem ordens de Caiado. Eles estavam em diligência por ordem da Justiça Federal, a pedido da PF e da Controladoria Geral da União. É ridículo politizar essa investigação, cujo objetivo é apurar desvios de mais de R$ 30 milhões reais em dinheiro do SUS por conta de uma organização social que comandou o Hugo durante os governos de Marconi, atribuindo-a a “perseguição de Caiado”.

Não há político brasileiro que, enredado em escândalos de corrupção, não recorra à tese escapista de que se trata de tramoia dos adversários. No caso presente, o clichê parece ser uma espécie de recurso desesperado para um Marconi sem rumo sobre o que dizer para comprovar a sua inocência. O subterfúgio esfarrapado agarrado pelo ex-governador gera uma consequência inevitável: funciona reversamente como uma espécie de reconhecimento ostensivo de culpa, ao caracterizar uma defesa sem o menor conteúdo e absolutamente superficial, mais ainda ao se basear em uma premissa inexequível – a de Caiado “mandaria” na PF e na CGU, instituições de Estado até às vezes perdida em desvios conspiratórios, como por ocasião da aventura bolsonarista, porém jamais no caso de um inquérito tão detalhado e repleto de provas como esse que flagrou Marconi.

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A obsessão doentia e paranoica de Marconi é Caiado. O engraçado é que eles não são competidores, literalmente falando, porque o governador goiano é candidato a presidente da República, enquanto o tucano (por mais alguns dias apenas: o PSDB vai ser extinto em março) ora fala em disputar o governo do Estado, em 2026, quando teria como adversário o atual vice Daniel Vilela, ora parece se preparar para correr atrás de uma cadeira de deputado federal – projeto com a régua adequada para a sua estatura política hoje em dia. Caiado, portanto, está muito acima e isso tanto é verdade que ele não dá a menor bola para os ataques em série procedentes de um desarvorado Marconi nas redes sociais, para os quais, viu-se, a melhor resposta quem oferece é a Polícia Federal e a Controladoria Geral da União.