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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

26 fev

Mabel não se intimida, vai continuar nas ruas repreendendo quem é relapso com Goiânia e… está certo

O que professores universitários, com formação em Ciências Humanas, têm a ver com lixo nas ruas ou em lotes baldios, bueiros sem tampa e descarte de materiais inservíveis, como móveis velhos? Além de cidadãos incomodados com o histórico desleixo da prefeitura e da população de Goiânia quanto a essas desagradáveis ocorrências que perturbam a qualidade da infraestrutura urbana, como qualquer um, a chamada zeladoria da capital não é uma área tradicional para as atenções dos chamados “cientistas políticos”. Mas não é o que está acontecendo.

Em O Popular e nas edições do Jornal Anhanguera, cientistas políticos agora opinam diariamente sobre o trabalho do prefeito Sandro Mabel e a espetacular projeção que ele vem conseguindo nas redes sociais, com vídeos superiores a dois milhões de visualizações e, igualmente, milhares de comentários. Mabel resolveu agir fora da caixa e inovou circulando por aqui e por ali com um microfone na mão e câmeras que flagram situações inaceitáveis, como o caso de uma pessoa que, logo após a limpeza de um lote, lá estava jogando um sofá deteriorado. A bronca do prefeito foi pesada. Da mesma forma, em uma loja de bebidas atolada em lixo jogado pelos clientes. “Se não recolher, eu multo e depois te fecho”, advertiu Mabel. Na avenida T-63, ele parou o trânsito para recolocar a cobertura de um bueiro – os veículos passavam, jogando a tampa para lá e para cá, sem que ninguém se importasse.

 

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Para os “especialistas” de O Popular e do Jornal Anhanguera Mabel estaria “desrespeitando” os moradores de Goiânia. Todos reconhecem a necessidade de conscientização sobre questões banais como lixo e outras pequenas deficiências, como buracos nas ruas, lembrando que a prefeitura tem telefones para receber informações sobre pontos onde intervenções corretivas são urgentes. Unanimemente, os vídeos foram condenados como demonstração de autoritarismo do prefeito e de reprodução, como gestor público, de um tipo de atitude que seria normal em uma empresa privada. Ouvido, Mabel não se intimidou. Avisou que não vai pedir desculpas a ninguém e que vai continuar circulando com a disposição de passar pito nos infratores e solucionar qualquer situação na hora. O objetivo declarado do prefeito é passar uma mensagem positiva e dar o seu próprio exemplo de cuidado e carinho por Goiânia.

Convenhamos: Mabel está com a razão. É preciso ser rígido para mudar costumes inadequados. De resto, ele só tem repreendido quem não cumpre a sua obrigação, o que se torna mais grave no caso de estabelecimentos comerciais. O temor de punições faz parte desse processo. Publicitários experientes ensinam que campanhas educativas de trânsito só funcionam quando infundem medo nos motoristas e por isso usam sempre imagens agressivas, de carros arrebentados e até de mortos em acidentes. O apelo à cortesia entre os condutores às vezes é até usado, porém com resultados mínimos. Talvez a ciência política explique tudo isso e, sem preconceitos, conclua que o prefeito está certo e que mais certo ainda é prosseguir na sua cruzada.