Vítima do desinteresse da sociedade, imprensa em papel finalmente morreu em Goiás
Quando foi que vocês, leitoras e leitores, compraram pela última vez um jornal em papel em uma banca, padaria, ou em qualquer lugar em Goiânia ou do interior? Faz tempo. A maioria nem deve se lembrar. Pois aconteceu, enfim: a marcha dos tempos acabou provocando, em Goiás, o fim definitivo dos impressos – diários, periódicos, revistas, o que quer que se imagine parecido, enquanto o que sobrou dos antigos e tradicionais órgãos de comunicação hoje sobrevive somente pela internet e não sem enfrentar dificuldades, diante da concorrência das redes sociais, onde cada perfil gera a sua própria narrativa e noticiário. Enquanto isso, a publicidade migrou para potências como o Facebook, o Youtube, o Instagram e similares, sugando mais de 80 % do que é gasto no Brasil, inclusive nas redes de televisão, deixando ao léu todo o universo restante. O mundo mudou.
Não há mais bancas de revistas em Goiânia, pelo menos dentro da ideia convencional do que seria uma. Alguma aqui, outra ali, porém convertidas em quiosques de quinquilharia chinesa, tal como se vê, por exemplo, também em São Paulo. Quem quiser colocar as mãos nas raras edições de O Popular ou do Jornal Opção ou do Diário da Manhã ou do Diário de Aparecida não tem onde encontrar, talvez nas recepções do Palácio Pedro Ludovico, onde, no caso de O Popular, ficam eternamente amontoadas à espera de interessados. Existem por aí alguns veículos que imprimem um número limitado de exemplares para efeito de documentação de anúncios, geralmente de órgãos públicos. Mas, circulação mesmo, nada feito.
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O tabloide Daqui, da Organização Jaime Câmara, seria uma exceção? Não, porque, na verdade, se trata de uma loja de utensílios domésticos de baixo custo importados da China e vendidos por um sistema de selos, a preço de banana. Não é um jornal, antes uma estratégia para atender ao consumismo da população de baixa renda, por conta de 150 mil impressos por dia. A curto prazo, o Daqui também deve ser impactado pela agressividade e excesso de oferta de produtos idênticos através de sites de comércio eletrônico como a Shopee, que vendem as mesmas coisas por um preço mais barato. Em resumo, vale repetir: o Daqui não é um jornal.
O novo jornalismo é o instalado na internet. E aí também as modificações são enormes. Há uma infinidade de sites em Goiás, a maioria esmagadora criada apenas para faturar, republicando releases oficiais, e os que ainda se destacam mergulhados em um agonizante processo de perda de identidade e foco, como o portal de O Popular, já superado pelo modelo dinâmico de jornalismo diário praticado pelo Jornal Opção – despretensioso, analítico e muito mais atraente e por isso superiormente procurado por quem busca informação. O Jornal Opção dá um baile em O Popular, com uma equipe menor e uma imensa atratividade ao revelar fatos e especialmente opinar com originalidade e inteligência. O meio online venceu e a era do papel e tinta foi-se para sempre.