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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

27 maio

Mabel e Vilela seguem a receita de Caiado, Márcio Corrêa parece caso perdido

 

Um fenômeno emergiu no Brasil: diante do calvário que o governo Lula vive com os seus seguidos tombos na área de comunicação, fixando uma imagem negativa e resultando na queda drástica da popularidade do presidente, a forma como um administrador público informa a sociedade sobre as suas realizações e o seu desempenho gaumentou sua força no debate político nacional. Em Goiás, talvez ainda mais: tem-se a experiência vitoriosa do governador Ronaldo Caiado, hoje espetacularmente consolidado nas pesquisas com até 88% de aprovação, ao mesmo tempo em que começa a chamar atenção a trajetória dos prefeitos em início de mandato nas três maiores cidades do Estado – Goiânia, Aparecida e Anápolis.

 

 

O parâmetro inicial para estabelecer a qualidade da performance de cada um deles – Sandro Mabel, em Goiânia; Leandro Vilela, em Aparecida; e Márcio Corrêa, em Anápolis – é a comparação com os seus antecessores. Mabel e Vilela, nesse quesito, ganharam projeção. De certa forma, não é exagero afirmar que suceder a gestores ineptos como Rogério Cruz, na capital, e Vilmar Mariano, na segunda maior cidade goiana, trouxe facilidades. Cruz e Mariano entregaram suas respectivas prefeituras em meio ao caos, com índices baixíssimos de avaliação e recordes de rejeição. Digamos que, só por implantar patamares mínimos de racionalidade administrativa e organização dos serviços prestados, Mabel e Vilela já deram a partida com o pé direito, criando um ambiente favorável e gerando simpatias tanto em Goiânia quanto em Aparecida.

Com Márcio Corrêa, em Anápolis, deu-se o contrário. Acometido por doenças de origem nervosa, provavelmente deflagradas pela somatização das pressões do dia a dia de um cargo espinhoso e mergulhado na desordem herdada do seu predecessor Roberto Naves, em meio a um cenário de rombo de caixa e obras paralisadas, acabou paralisado. Corrêa perdeu um tempo precioso com internações hospitalares, e, pior, não desceu do palanque, repetindo meio desorientado promessas de campanha depois de empossado. Gravíssimo: não escapou nem mesmo de um escândalo envolvendo – vejam só – exatamente o seu secretário de Comunicação, preso pela Polícia Civil. Para usar a mesma imagem atribuída a Mabel e a Vilela, em sentido reverso, o novo prefeito de Anápolis deu o seu passo inicial… com o pé esquerdo.

 

 

No entanto, vale lembrar que explorar o paralelo com o passado é uma estratégia com prazo de validade para novos governantes. Prova é que Mabel e Vilela já se adiantaram, pelo menos nas suas declarações e discursos. Seus respectivos aparatos de comunicação ainda se encontram presos ao referencial das gestões anteriores, porém eles, não. Na verdade, vender um prefeito em ação – ou um gestor qualquer – para a população se tornou um desafio enlouquecedor para qualquer Secom da vida. A linguagem e os instrumentos evoluem em alta velocidade, tornando obsoleto hoje o que foi moderno e atual ontem. Mesmo assim, Mabel e Vilela são indiscutivelmente bons “produtos”, caras limpas (literalmente) não envelhecidas e opostas à aparência cansada e grosseira (um risco assumido por quem usa barba) de Márcio Corrêa. Não foi à toa que Caiado, um expert em marketing pessoal (e bem assessorado), aconselhou primeiro Daniel Vilela e depois Leandro Vilela a se livrar dos adereços capilares no rosto. Melhoraram muito.

 

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