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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

16 jun

Viagem de autoridades municipais a Israel, inclusive a vice-prefeita de Goiânia: imprudência ou burrice?

Digamos, leitoras e leitores, que a resposta correta à pergunta do título desta nota é houve uma mistura de imprudência com burrice. A viagem foi iniciada quando era público e notório que o governo dos Estados Unidos já havia iniciado a evacuação do pessoal não essencial das suas representações diplomáticas na maioria dos países do Oriente Médio. Isso estava em toda a imprensa. Claro, portanto, que vinha – como veio – uma escalada no conflito entre Israel com os seus inimigos históricos na região, dessa vez coma eclosão de uma guerra direta com o Irã.

 

 

Como se sabe, a vice-prefeita de Goiânia Coronel Cláudia Lira está no meio do rolo, vivendo nos bunkers de Tel Aviv. A ideia seria participar de um programa internacional de capacitação promovido pela Agência Israelense de Cooperação para o Desenvolvimento (MASHAV), vinculada ao Ministério das Relações Exteriores de Israel, em parceria com o Instituto Internacional de Lideranças (Histadrut). Os nomes são pomposos. Na prática, contudo, coisa que pouco tem a ver com a realidade de um lugar pacífico como Goiânia, em comparação com o potencial de perigo de qualquer ponto do território israelense. O curso, intitulado Projetos Municipais para a Segurança Pública e o Desenvolvimento Local, tem como foco o fortalecimento de políticas públicas voltadas à segurança e ao desenvolvimento urbano. Mas deu no que deu.

Os riscos que a Coronel Cláudia está correndo não são de se subestimar. Não há como sair de Israel por via aérea, com o céu infestado de mísseis e drones iranianos e pelos próprios contrafoguetes da defesa israelense. Para esta segunda, 16, prevê-se um deslocamento por terra até um país vizinho, de onde a vice-prefeita e os demais membros da assustada comitiva seriam devolvidos em voos para o Brasil. Se ocorrer assim, vai haver muita tensão. Existem focos armados ao longo de toda e qualquer estrada que cruza as fronteiras israelenses com países como a Síria, Egito, Jordânia e Líbano, fora as concentrações de palestinos (felizmente, nem todos são terroristas) aqui e ali.

Que se aproveite a lição: não se visita países em situação de conflagração. O governo judeu poderia ter cancelado a missão das autoridades brasileiras, mas não o fez para não dar nenhum sinal, mesmo distante, de que algo militarmente grande estava em preparação e assim alertar o inimigo. O fator surpresa no ataque ao Irã foi decisivo, permitindo, no primeiro momento, com grande sucesso, a desorganização das forças armadas dos aiatolás. Que tudo corra bem e que a nossa vice-prefeita retorne para casa em segurança!

Atualização, em 17/maio – Imbróglio resolvido: a vice-prefeita de Goiânia Cláudia Lira conseguiu deixar Israel por terra e chegou à Arábia Saudita, de onde embarcou para o Brasil. Deverá chegar nesta quarta, 18, sã e salva. O governo Lula, através de órgãos como o Ministério das Relações Exteriores, não participou da “evacuação”, lamentavelmente limitado pelas suas diferenças ideológicas com o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Quem ajudou a encontrar a saída foi um grupo de senadores brasileiros que tem relações diretas com Israel. 

 

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