O pior de toda essa desgastante agonia e até humilhação que Caiado está passando ao mendigar ajuda do governo federal é que, no máximo, ganhará autorização para endividar ainda mais o Estado
A prioridade número um do governador Ronaldo Caiado, como se sabe, a que ele se refere todos os dias e que já o levou 60 vezes a Brasília desde que assumiu o mandato, é conseguir qualquer tipo de socorro financeiro do governo federal – que a equipe econômica do ministro Paulo Guedes reluta em conceder, receosa de que, no fundo, o resultado venha a ser complicar ainda mais a situação fiscal dos Estados (área em que têm tradição de lambança). A obsessão por ganhar esse apoio transformou-se em verdadeira agonia para Caiado, assunto de todas as suas declarações públicas e trava que o impede de dar resposta aos desafios reais da sua gestão, consolidando a imagem desgastante de um governante que inutilmente mendiga recursos junto a forças externas sobre as quais ele não tem nenhum controle e que o humilham marcando datas e prometendo soluções que nunca acontecem.
Mas o pior não é ver um político que, no passado recente, teve grande brilho nacional, como Caiado, sendo enrolado como uma criança pelos burocratas brasilienses. Todo esse barulho que o governador vem fazendo, todo o seu desespero, a sua luta, o seu esforço, se resultar em alguma coisa de real, não passará de uma autorização para contrair empréstimos e, no final das contas, expandir a dívida do Estado. No máximo. A leitora e o leitor sabem que pegar dinheiro a juros nunca resolve nada, só aumenta o tamanho da encrenca. É assim para as pessoas e da mesma forma é assim para uma empresa privada ou um ente público.
Há muita gente próxima ao governador que acredita em caminhos bem diferentes do que só aguardar o maná dos céus do governo federal para viabilizar financeiramente o governo goiano. Um deles é o ex-secretário da Fazenda Jorcelino Braga, que, nos tempos do governador Alcides Rodrigues, conseguiu a façanha de reduzir o endividamento do Estado. Nem um centavo foi tomado a título de empréstimo. Alcides Rodrigues é o único governador, nos últimos 50 anos ou mais, a entrar e sair sem assinar notas promissórias contra o futuro, façanha que deve a Braga. O mesmo Braga que foi convidado por Caiado para retornar à Sefaz, mas não quis. Sabia, desde sempre, que as suas ideias para a gestão fiscal do Estado não batiam com as do novo governador, que é claramente partidário de uma abordagem política a partir da obtenção de amparo financeiro junto ao governo federal, imaginando se ancorar no peso da sua biografia e na projeção que já teve no Congresso.
No fim do caminho adotado por Caiado, está o aumento da dívida de Goiás, se ele chegar lá. A mesma que, dias atrás, ele garantiu que não tem condições de pagar, ao pedir apoio dos demais Poderes para aplicar um calote que atingiria principalmente o Banco do Brasil e a Caixa Federal.