Duas reformas administrativas, cortes de cargos e tudo o mais que Caiado disse ter feito para diminuir as despesas com pessoal não deram em nada: gastos com a folha subiram 12,34% entre janeiro e abril
Os gastos do Estado de Goiás com a folha de pagamento do funcionalismo continuam subindo exponencialmente, mesmo depois que o governador Ronaldo Caiado assumiu e passou a propagandear medidas que estaria adotando para reduzir essa despesa, como o corte de mais de dois mil cargos comissionados e duas reformas administrativas. Entre janeiro e abril, segundo relatório resumido da execução orçamentária do período, publicado no portal Goiás Transparente, os dispêndios com os salários dos servidores ativos e inativos cresceram exatos 12,34% em comparação com o mesmo quadrimestre do ano passado. Em dinheiro, passando de R$ 3,795 bilhões para praticamente R$ 4,264 bilhões ou R$ 470 milhões a mais.
É muita coisa. Principalmente ao se levar em conta que, nos mesmos meses, a receita do Estado caiu. A arrecadação de ICMS subiu quase R$ 500 milhões, mas as transferência federais despencaram e fizeram com que, no total, os valores finais que ingressaram no caixa estadual fossem menores que os do ano passado. Tudo isso anula os esforços que Caiado diz estar fazendo e nunca comprova. O governador gosta de anunciar que economizou aqui e ali, mas sempre sem o amparo de dados, planilhas ou algum tipo de demonstração cabal. Seus auxiliares seguem no mesmo caminho: outro dia o titular da Secretaria da Saúde, Ismael Alexandrino, apregoou pomposamente uma redução de R$ 750 milhões nos contratos de responsabilidade da pasta, até o final do mandato. Ele não apresentou nem uma única evidência esclarecendo ou apontando como esse número seria alcançado.
Não é à toa que a secretária de Economia Cristiane Schmidt, essa, sim, a verdadeira leoa do governo Caiado, tem radicalizado o discurso da calamidade financeira, chegando até mesmo a enfrentar a voracidade da Assembleia por recursos para construir a sua sede no Park Lozandes, um palácio de R$ 12o milhões, para a qual os deputados exigem o repasse integral do duodécimo a que têm direito. Da mesma forma, ela segue diuturnamente investindo contra os incentivos fiscais distribuídos a torto e a direito nos últimos 20 anos, beneficiando grandes empresas e esburacando a arrecadação de ICMS. Hoje, são entre R$ 9 a 10 bilhões por ano, que, em vez de serem pagos ao Tesouro Estadual, ficam retidos no bolso de 600 industriais de grande porte em Goiás.
Caiado, face a esse quadro conturbado, insiste em quimeras como o socorro federal ou a apropriação de um terço dos recursos do FCO. As medidas que, efetivamente, poderiam reduzir o rombo do Estado, ou seja, o chamado “dever de casa”, ele, já perto de completar seis meses de governo e mais de nove meses desde que foi eleito, continua adiando.